?>

Opinião

Onda global de líderes disruptivos e a vitória de Milei na Argentina

Onda global de líderes disruptivos e a vitória de Milei na Argentina

Artigo por RED
22/11/2023 05:25 • Atualizado em 23/11/2023 12:36
Onda global de líderes disruptivos e a vitória de Milei na Argentina

De ALEXANDRE CRUZ*

A recente vitória de Javier Milei nas eleições argentinas deixou muitos perplexos e, em alguns casos, até mesmo devastados. Este fenômeno político não é exclusivo da Argentina, é uma parte de uma tendência global que tem raízes na crescente insatisfação dos eleitores em relação à classe política tradicional. Para entender esse fenômeno, podemos traçar suas origens até a surpreendente eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, um empresário sem experiência política que conseguiu conquistar uma base de eleitores desencantados.

O que une líderes aparentemente distintos, como Trump, Bolsonaro e Milei, é a sua rejeição à classe política convencional. São figuras que personificam uma abordagem não convencional para o exercício do poder político. Trump, o magnata imprevisível; Bolsonaro, o militar aposentado; e Milei, economista sem partido, representam uma resposta à insatisfação econômica crescente entre os eleitores, uma insatisfação alimentada por décadas de políticas que falharam em abordar as preocupações fundamentais da população.

A trajetória de Javier Milei na Argentina é particularmente intrigante. Sua vitória, desprovida da estrutura de um partido político tradicional, destaca-o como um anti-herói político. Sua comunicação direta e franca ressoou com uma parcela significativa da população que anseia por uma mudança radical na maneira como a política é conduzida. O sucesso de Milei pode ser interpretado como um reflexo de um cambio cultural, uma transformação na forma como a sociedade argentina percebe e se relaciona com a política.

A capacidade de líderes como Trump, Bolsonaro e Milei de canalizar a insatisfação econômica em apoio político é notável. Em um contexto onde as instituições tradicionais parecem incapazes de fornecer soluções tangíveis para os desafios diários, os eleitores buscam líderes que prometem uma ruptura com o status quo. Esses líderes encontram apoio entre aqueles que se sentem marginalizados pelo sistema político convencional.

A eleição de Javier Milei na Argentina é um exemplo vivo desse fenômeno em ação. Sua abordagem despojada de formalidades políticas tradicionais, combinada com uma comunicação direta e apaixonada, conquistou a confiança de muitos eleitores que buscavam uma alternativa aos políticos convencionais. A ausência de filiação partidária também contribuiu para a sua imagem de alguém alheio às engrenagens do poder, um outsider comprometido com mudanças radicais.

Em última análise, a ascensão de figuras como Milei serve como um chamado de despertar para a classe política. Em vez de ignorar ou menosprezar esse fenômeno, é essencial compreender as razões por trás do apoio a esses líderes e abordar as preocupações subjacentes que impulsionam o descontentamento. O desafio para a classe política tradicional é reconciliar-se com as demandas de uma sociedade em constante evolução, buscando soluções que transcendam as divisões e respondam às preocupações legítimas de seus eleitores.

Num mundo onde a política está em constante mutação, a eleição de Javier Milei serve como uma reflexão contundente de que os eleitores estão cada vez mais dispostos a romper com as tradições políticas estabelecidas em busca de “lideranças autênticas e soluções inovadoras”. O desafio agora é para a classe política responder a esse chamado de maneira significativa, promovendo um diálogo aberto e construtivo para construir uma sociedade mais justa e equitativa.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Toque novamente para sair.