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Opinião

Caminhões elétricos chegam ao Brasil e tornam a cadeia logística mais sustentável

Caminhões elétricos chegam ao Brasil e tornam a cadeia logística mais sustentável

Artigo por RED
16/10/2023 12:00 • Atualizado em 17/10/2023 09:25
Caminhões elétricos chegam ao Brasil e tornam a cadeia logística mais sustentável

De LUIZ RENI MARQUES*

Os caminhões elétricos estão tomando as estradas por todos os cantos mundo, substituindo os veículos impulsionados por combustíveis fósseis, uma transformação silenciosa e sustentável porque eles não fazem barulho, nem soltam fumaça, rodam sem as incômodas vibrações e utilizam energia gerada de modo renovável. Essa mudança contribui para a preservação do meio-ambiente e a qualidade da vida da população.

A companhia de navegação e operadora logística dinamarquesa Maersk, uma das maiores do mundo e presente no Brasil, vem substituindo suas carretas por unidades movidas a eletricidade. Mais de 300 delas já rodam embaladas por baterias com autonomia adequada para percorrer trechos de cerca de 200 quilômetros. O objetivo da empresa é tornar sua frota 100% sustentável até 2040, atendendo a meta NET Zero de eliminar as emissões de gases CO2, poluentes, estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Os primeiros caminhões elétricos da Maersk, fabricados pela sueca Volvo, no Paraná, entraram em operação no Brasil no mês passado integrando o projeto piloto experimental implantado no estado de São Paulo, entre cidades da área metropolitana da capital e o Porto de Santos, e em Santa Catarina, conectando Araquari e outros municípios da região de Joinville e o terminal marítimo de Itapoá. As alemãs MAN e Mercedes Benz, a chinesa Shinghan e a brasileira Agrale, também estão oferecendo ao mercado veículos de carga movidos a eletricidade, montados no país. Outras estão chegando. Os motoristas aprovaram os novos modelos que consideram mais “agradáveis e confortáveis e sem o cheiro característico do diesel”.

A indústria de bebidas e refrigerantes Ambev, a fabricante de produtos de higiene e limpeza YPE e dezenas de outras companhias aderiram aos utilitários e caminhões elétricos nas suas entregas. O custo, ainda elevado inicialmente na compra de caminhões elétricos, compensa a longo prazo pela economia proporcionada por eles, incluindo a maior durabilidade e a manutenção mais simples e barata, necessitando menos peças no sistema de motorização. O seu desenvolvimento tecnológico aponta para a perspectiva de queda nos seus preços nos próximos anos. A natureza e a sociedade agradecem a escolha de alternativas renováveis e limpas para o transporte de cargas, que representam ganhos para a saúde de todos.

A incorporação de caminhões leves, médios e pesados às frotas é um passo adiante no aperfeiçoamento da cadeia logística. Outro, mais ousado, começa a ser ensaiado, os veículos totalmente autônomos, que estão em teste na Europa, Japão, China, América do Norte e em outros lugares, incluindo o Brasil. Por enquanto, trafegam levando motoristas no banco do carona, praticamente sem nenhuma tarefa a realizar nas viagens experimentais. Mas esse é um tema que vou tratar em um outro artigo. Ainda há muita discussão nos aspectos legais, de segurança e em relação ao futuro dos motoristas com a chegada desses veículos. Conheci algumas das plantas industriais onde os caminhões “elétricos” e os “autônomos” vêm sendo desenvolvidos e elas impressionam pelo aspecto das instalações, impecavelmente limpas como salas de cirurgia, e emblemáticas de que vivemos novos tempos no modo de produzir.

O advento do carro elétrico curiosamente não é uma novidade e sim um resgate dos primórdios da indústria automobilística. O pontapé inicial foi dado pelo engenheiro húngaro Anyos Jedlik que em 1828 inventou o primeiro motor elétrico, adotado em 1835 pelo empresário escocês Robert Anderson, que o instalou numa espécie de carroça de quatro rodas, que muitos consideram precursora do automóvel. Os franceses Charles Jeantaud, Gustave Trouve e Nicolas Ruffard, em 1880, lançaram os primeiros carros dotados de baterias elétricas a base de chumbo-ácido, que marcaram o estopim para o surgimento da produção de veículos automotores em quantidade. E os elétricos predominaram até o final da 1ª Guerra Mundial.

A descoberta de abundantes reservas de petróleo e de métodos economicamente rentáveis de prospecção tornaram o combustível fóssil mais atraente que a eletricidade, e o motor a combustão interna a gasolina, patenteado pelos alemães Daimler e Benz, usado em um veículo apelidado de “carruagem sem cavalos”, em 1886, depois de patinar por quase quatro décadas, deu a volta por cima nos anos 1920, desbancando os elétricos.

O símbolo dessa nova fase foi o norte-americano Henry Ford, que produziu entre 1908 e 1927 cerca de 15 milhões do seu Ford Modelo T, o primeiro carro popular do mundo. A era dourada dos veículos a gasolina, que permitia ao industrial norte-americano responder a seus consumidores que podiam escolher qualquer cor para seus carros, desde que fosse preta, a única que era oferecida aos compradores, está se despedindo.

Um alento para o Brasil é que estamos desenvolvendo projetos no segmento que geram a expectativa de que poderemos ser participantes dessa transformação tecnológica e não meros espectadores, como em outras oportunidades. Em 1975, o engenheiro João Gurgel lançou o primeiro carro 100% elétrico do país e da América Latina, o Itaipu E-150. Fabricado em Rio Claro, interior de São Paulo, foi descontinuado em poucos anos e apenas 1 000 unidades produzidas, por causa do peso excessivo, especialmente das baterias, autonomia curta e preço elevado. O seu criador reclamou na época não ter recebido apoio oficial para o aperfeiçoamento do veículo.


Luiz Reni Marques estará à frente de “Logística na sua Vida”, o novo podcast da RED. 

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*Estudou Direito e História. Formado em Jornalismo. Foi repórter em Zero Hora, Jornal do Brasil, o Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Senhor e Isto É, e correspondente free lancer da Reuters, entre outros veículos de comunicação. Redator e editor na Rádio Gaúcha, diretor de redação da Revista Mundo, professor de Redação Jornalística na PUCRS e assessor de imprensa na Câmara dos Deputados durante a Assembleia Nacional Constituinte. Atualmente edita blog independente.

Imagem em Pixabay.

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