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“As Forças Armadas hoje não representam a maioria do povo brasileiro”, aponta Manuel Domingos Neto em debate no SindBancários

“As Forças Armadas hoje não representam a maioria do povo brasileiro”, aponta Manuel Domingos Neto em debate no SindBancários

Geral por RED
10/10/2023 12:07 • Atualizado em 10/10/2023 12:53
“As Forças Armadas hoje não representam a maioria do povo brasileiro”, aponta Manuel Domingos Neto em debate no SindBancários

Historiador lançou o livro “O que fazer com o Militar”, em debate com José Genoíno

“A Forças Armadas hoje não representam a maioria do povo brasileiro”, disse o historiador, pesquisador e político brasileiro, Manuel Domingos Neto, durante o lançamento de seu último livro “O que Fazer Com o Militar”, na noite da última segunda (9), no auditório do SindBancários. A atividade, promovida pelo Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito em parceria com Adufrgs Sindical, ABJD, AJD, AJURD, Aprofcmpa, ADJC, Instituto Idea e a RED, contou também com as presenças do ex-deputado federal José Genoíno e do jornalista Jeferson Miola, que conduziu os debates da noite.

Foto: Camillie Bolson

Segundo o autor, é necessária uma urgente reforma que coloque as Forças Armadas sob o efetivo controle do Poder Civil legitimamente eleito pela maioria da população, que altere a concepção de defesa nacional e integração Sul-americana condizente com o investimento aportado no complexo militar brasileiro.

“A formação do militar está nas mãos de comandantes corporativos e não dialoga com a maioria do povo, uma vez que ainda não temos a presença de mulheres e negros dentro dos órgãos de defesa”, avaliou, ao criticar uma elitização dentro das forças armadas: “Mais 80% dos militares que ingressam na corporação são filhos de oficiais, isso exclui uma parcela significativa da sociedade”.

Manuel Domingos Neto, doutor em História pela Universidade de Paris e que se dedica à temática militar há mais de 50 anos, é hoje um dos principais especialistas brasileiros nesse campo de estudo. Para ele, “as corporações precisam ser modificadas, o sistema de recrutamento instalado em 1916, que prevê o serviço militar obrigatório, é completamente superado e serve apenas para mostrar a força dos comandantes militares sobre a população civil”.

“O que hoje nós precisamos é de uma reposição espacial do Exército, Aeronáutica e Marinha. O complexo industrial militar precisa fomentar a economia nacional, sem permanecer dependente de fornecedores externos de armamentos e equipamentos”, concluiu.

“Exército não é poder moderador desde a constituição de 1988”

Foto: Camillie Bolson

Torturado por militares, o ex-deputado federal constituinte e ex-combatente da Guerrilha do Araguaia, José Genoíno não se intimidou no debate, mesmo após ser agredido verbalmente por um militar da reserva que usou o microfone do auditório para saudar e fazer apologia ao golpe de 1964, para espanto do público presente.

“Eu vivi um processo de criminalização da política brasileira e hoje ela continua presente, neste período de incertezas. Nossa obrigação enquanto esquerda é discutir o futuro. Pois se nós continuarmos somente na política de redução de danos, não teremos um projeto de nação. Não há como discutir o imperialismo sem debatermos o papel das Forças Armadas na garantia da nossa soberania”, analisou o petista.

Genoíno lembrou que quando foi deputado constituinte ajudou a derrotar a inclusão do entendimento do Exército enquanto poder moderador no artigo 142 da Constituição Federal de 1988, segundo ele um resquício do poder militar oriundo do Brasil imperial, que perdeu espaço na Nova República.

“Por ter lutado na Constituinte, por ter participação na Comissão da Verdade e Justiça do governo federal, por toda a minha militância, posso dizer que me surpreendi com a forma com a qual as Forças Armadas trataram Bolsonaro. Por esses e outros motivos, me somei ao Manuel nessas discussões”, refletiu.

Confira a transmissão na íntegra:


Foto destacada: Benedito Tadeu César

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