De ADELI SELL*

A ideia, proposição e  escrita do texto da Missa Crioula foi feita pelo Padre Paulo Araripe, também conhecido como Padre Potrilho. Nasceu em Uruguaiana e morreu em Alegre, quando tinha 71 anos.

Em 07 de abril de 1967, o Arcebispo Dom Vicente Scherer deu seu aval à tal Missa. Porém, o Presidente da CNBB Dom Clemente Isnard, numa linha de ortodoxia, questiona nosso Arcebispo (que era conservador) sobre tratar Deus como Patrão do Céu, Cristo como camarada etc.

Mas a ideia vingou, tanto que até Vicente Scherer rezou missa crioula.

Em 1971, a Comissão Gaúcha de Folclore editou a MISSA CRIOULA, do Pe. Araripe, e curiosamente esta edição (conseguida num sebo) tem uma dedicatória do professor Dante de Laytano a um amigo. Como se sabe este foi um professor de História e nosso pesquisador exemplar.

No texto da Missa e em seus preparativos e sugestões vão algumas pérolas, com se houver alguma estátua de São Pedro que seja colocada junto ao altar, que durante a elevação da hóstia e do cálice tenha um fundo musical de gaita ou violão. Há a sugestão de que o sermão seja por escrito e dito em versos crioulos.

Parece-me que foi uma forma de aproximação da Igreja do povo, pois o padre falava que tanto fazia rezar uma missa numa cidade como num galpão. Talvez com este texto de amador algum estudioso entre no debate, porque temos que, de uma forma ou de outra, resgatar nossas histórias e tradições, sempre de forma abrangente, sem subterfúgios.

O Padre Potrilho (Paulo Araripe) tem vários livros em que cabe citar aqui: Bombacha e Batina, O Rio Grande e a Cruz, A Missa Crioula, A Pastoral do Alcoólatra, O Fino do Grosso, Mascando o Evangelho, O Casamento Crioulo, O Batizado Crioulo, A Marda Sagrada, Datas e Fatos…

Escreveu o Padre Paulo Araripe:

Meu prezado companheiro,

Reza com sinceridade

A Santa Missa Crioula.

Por ela irás de verdade

Da Querência desta Terra,

Aos pagos da eternidade.

*Escritor, professor e bacharel em Direito.

Foto: divulgação Prefeitura de São Sepé.

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