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Suicídios em série de servidores do Ministério Público de SP

Suicídios em série de servidores do Ministério Público de SP

Geral por RED
14/06/2023 11:24
Suicídios em série de servidores do Ministério Público de SP

Casos acendem o alerta para assédio e sobrecarga no órgão público, mas chefia afirma que são casos isolados

Três servidores do MPSP (Ministério Público de São Paulo) se suicidaram e um quarto colega tentou se matar, mas foi impedido. Os casos ocorreram dentro de um período de menos de um ano, sendo três deles em menos de 24h.

Apesar da chefia do órgão afirmar que os casos foram pontuais por problemas pessoais, colegas afirmam que os servidores adoeceram por causa da rotina de trabalho, com sobrecarga de atividades, pressão psicológica, prazos curtos e assédios.

O primeiro suicídio ocorreu em 29 de junho de 2022. Um analista jurídico se matou no ambiente de trabalho, onde colegas viram o ato. No boletim de ocorrência consta que ele deixou documentos e um celular destruído em sua mesa. Segundo relato, ele temia perder o trabalho depois de um diagnóstico de depressão, teve um pedido de transferência negado e naquele dia viu um colega ser demitido.

Já em em 10 de maio deste ano, um diretor de engenharia tirou sua vida em casa. Ele estava afastado por depressão leve e voltaria ao trabalho em alguns dias. Pessoas próximas afirmam que ele vinha sofrendo muita pressão para cumprir as demandas do novo posto após a promoção de cargo.

No dia seguinte, 11 de maio, outro caso. Um auxiliar de promotoria do Centro de Administração e Transportes se matou dentro de um caminhão do MP numa viagem ao interior. Os relatos são que a função exige muito e paga pouco, e com isso ele enfrentava problemas financeiros.

Ainda no mesmo dia, um motorista tentou cometer suicídio próximo do edifício sede da instituição, mas pessoas que passavam por lá o detiveram. Colegas contam que, desde o ano passado, ele sofre com um procedimento administrativo considerado injusto, se sentindo desemparado e humilhado.

Segundo informações da Folha de São Paulo, há uma pesquisa encomendada pela própria Comissão de Saúde do Ministério Público que “identificou, há mais de dois anos, riscos psicossociais na instituição. As respostas relacionadas à violência psicológica e ao assédio no ambiente de trabalho acederam um alerta ao revelarem hostilidades de parte dos superiores hierárquicos —entre subprocuradores, procuradores e seus assessores”.

Um grupo de servidores criou uma página no Instagram intitulada “Nenhum servidor a menos no MPSP”, onde estão sendo postadas condolências aos colegas e também manifestações de outros servidores que se sentem vítimas de algum constrangimento.

Pessoas ouvidas pela Folha relatam mais situações de adoecimento e o medo de se afastar do trabalho e sofrer represálias.

O procurador-geral do MPSP, Mário Luiz Sarrubo, afirma para a publicação que sobre os casos citados, foi determinado que fosse apurado se os servidores eram vítimas de assédio ou tinham problemas em suas funções, tendo a conclusão de que as mortes não tiveram relação com o trabalho.

Mas Sarrubo também avalia que “em uma instituição com 2.035 promotores e procuradores e 5.931 servidores, se eu falar que não tem um caso de assédio moral, eu vou estar mentindo”, e afirma que este tipo de caso sempre foi um preocupação da chefia. Segundo ele, as denúncias que chegam são apuradas com rigor. Das 8 envolvendo assédio feitas contra membros do MPSP na Corregedoria e na Procuradoria, 6 terminaram com punições.


Foto da fachada do prédio sede do Ministério Publico de São Paulo: Henrique Martins / Alesp

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