A próxima edição da Revista Floresta Aurora vai tratar das mulheres na história da Sociedade Beneficente Floresta Aurora. Neste ano, estão prevista quatro edições a serem lançadas trimestralmente sobre o cotidiano, a memória e a história negra e de seus protagonistas.

A iniciativa é uma oportunidade de acesso a histórias muitas vezes invisibilizadas, como aponta Nereidy Rosa Alves, advogada e membro do Colegiado Setorial de Memória e Patrimônio do Rio Grande do Sul.   

“Esse espaço precisa ser ocupado. Ele tem que ser facilitado para que haja ocupação, para que a gente possa efetivamente mostrar a nossa história. Essa história que a gente colocou no livro, essa história que a gente tá trazendo na revista, esses espaços que está se dando para a comunidade dentro da revista, isso precisa ser visto pela imprensa, pela sociedade civil num geral. Sabendo da história para poder respeitar”, afirma.

A publicação é feita pela Sociedade Beneficente Floresta Aurora, organização sem fins lucrativos que foi fundada em Porto Alegre, em 1872, por um grupo de negros alforriados com a intenção de ajudar outros negros e suas famílias. O trabalho da sociedade é visto como uma forma de resistência pelo jornalista e colaborador da RED, Alexandre Cruz.

“Diversas formas de resistência são protestos, manifestações, desobediência civil e até mesmo fundar um clube dezesseis anos antes da abolição, num contexto bastante complicado. O que é um contexto bastante complicado? Tinha toda uma estrutura econômica, desde a questão do próprio capitão que liderava o navio negreiro e ganhava muito bem até a questão dos bancos. Havia comércio, bancos que lucravam muito com a exploração”.

A Sociedade Floresta Aurora completou 150 anos de luta e resistência no ano passado. A pouca atenção e comemoração da sociedade entorno da organização é uma forma de racismo. “Do meu ponto de vista, a sociedade branca não só não sabe da existência da Sociedade Floresta Aurora como também pouco desejou se aproximar porque isso faz parte de uma postura, de uma estrutura racista. Então, como foi sustentado o racismo durante todos esses anos, é muito conveniente que a organização negra continue invisível”, comenta Nereidy Alves.

Assista ao programa completo:

O programa Espaço Plural vai ao ar no YouTube e no Facebook de segunda à sexta-feira, a partir das 14h, com a apresentação do jornalista Solon Saldanha.

Foto: Sociedade Beneficente Floresta Aurora.

Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.