Curtas
Relatório do Monitor da Extrema Direita mostra grupos bolsonaristas divididos nas pautas do meio ambiente e do marco temporal
Relatório do Monitor da Extrema Direita mostra grupos bolsonaristas divididos nas pautas do meio ambiente e do marco temporal
O sétimo relatório do Monitor da Extrema Direita (MED) mostra que dois grupos bolsonaristas de WhatsApp tiveram opiniões diferentes frente às pautas recentes discutidas na política sobre meio ambiente e indígenas. Eles responderam aos questionamentos entre os dias 26 de maio e 02 de junho.
Os grupos são divididos entre os apoiadores da invasão da Praça dos Três Poderes, considerados radicais/convictos (G1), e os que condenam os atos golpistas, classificados como moderados (G2). Ao longo da semana analisada, o relatório acompanhou as discussões dos seguintes assuntos:
- Mudanças impostas ao Ministério do Meio Ambiente
- Desempenho de Marina Silva em debates no Congresso
- Votação do Marco Temporal
- Formas de manifestação política
Meio Ambiente
Os grupos discutiram as mudanças feita pelo Congresso Nacional na medida provisória (MP) que organiza os ministérios do novo governo. Entre elas, está o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, comandado por Marina Silva.
Uma parte não estava acompanhando o assunto. Já os que demostraram conhecimento, uma parcela criticou a presença de Marina Silva no governo e aprovou as mudanças.
“Para mim Marina Silva nunca fez nada pelo Brasil, aparecia de 4 em 4 anos e depois se aliou ao luladrão de quem ela sempre falou mal, é o sujo falando do mal lavado. Tudo farinha do mesmo saco, quero que ela se dane mesmo.” (G1, 47 anos, secretária, MG)
“Tá certíssimo, tem que explorar mesmo porque tem que desenvolver o país, obvialmente que tudo dentro da normalidade fazendo todos os tramites ambientais para que não desmate muita coisa, para que reorganize. Acho correto.” (G2, 39 anos, administradora, BA)
Por outro lado, houve posicionamentos de repúdio à alteração da MP pelo Congresso e de crítica ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“E no fim das contas o governo de direita se importava mais com o meio ambiente, e é menos hipócrita, quem diria heim? Mais uma vez ela confiou e foi usada como cabo eleitoral do Lula. É uma grande mulher e muito íntegra. É uma pena que interfiram tanto no trabalho dela. É lamentável, sob todos os aspectos, esse retrocesso absurdo e decepcionante. Estamos perdendo a última chance de salvar os biomas que ainda temos e os povos originários cada vez mais vulneráveis. A Ministra Marina tem uma bela história de vida e não merecia passar pelo que deve estar passando pela segunda vez.” (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)
“Um governo que no início falou tanto sobre o meio ambiente, a exploração da Amazônia,que iriam da um basta nos garimpos,e do nada diminuir as atividades do Ministério do Meio Ambiente, então vemos que aquela preocupação toda eram apenas falácias de um governo que apenas queria ter o poder novamente em suas mãos. Parece até piada,mas não é.” (G2, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)
Marina Silva no Congresso
Além do esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente, os bolsonaristas também conversaram sobre a participação de Marina Silva na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, no dia 24 de maio, na Câmara dos Deputados. Eles reagiram a um discurso feito pela ministra.
Uma parcela recebeu as falas de forma positiva, agindo a favor das pautas ambientais e criticando a articulação do governo na discussão. Outros teceram comentários negativos sobre Marina Silva e a defesa do meio ambiente.
“Aí eu te pergunto, para que a Marina Silva foi chamada para o Ministerio e não segue o que ela pede? Ela não está errada em dizer que as terras são legalmente e por direito dos índios. Qual será a finalidade dessa demarcação? Será que para a exploração das empresas? Tá estranho tá. O bom e que ela e uma pessoa de firme posição e certamente vai defender o que pensa. Até porque sabe o que fala. Acredito que ela não vai ficar nesse Ministério; até pq há muita coisa envolvida. Acho que devem respeitar os indígenas.” (G1, 25 anos, estudante, ES)
“Marina Silva não se encaixa nos padrões atuais. Ela não vai durar nem mais 2 meses, pelo o que eu estou vendo. Existem muitas riquezas no Brasil que precisam ser extraídas para aquecer nossa economia e se ela bater de frente com isso vai ficar complicado, afinal existe um mercado e burocratizar certas áreas, pode sufocar certas economias que dependem do meio ambiente. A Ministra está se tornando uma pedra no sapato do governo na visão do Governo, já já põem ela pra fora do Governo, ela que se proteja.” (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)
Marco Temporal
Os bolsonaristas também se pronunciaram sobre a votação do Marco Temporal na Câmara dos Deputados. Mais uma vez eles divergiram em seus posicionamentos sobre o assunto. A preocupação com os indígenas, a postura do Congresso e o agronegócio foram os argumentos mais recorrentes.
“Que patético, essa notícia vai apenas torrar o filme do Congresso ao nível internacional pois é um retrocesso negar que os indígenas estavam no Brasil desde 1500. De que adianta expulsar os indígenas de suas terras? Quem realmente lucra com isso? A derrota não é do governo! A derrota é do país! As pessoas votam nesses deputados do Centrão e depois reclamam!” (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)
“Este marco vai abrir uma fenda para que futuras empresas adentrem nas terras causando assim a destruição da natureza pois temos um claro exemplo que são os garimpos ilegais que assolam a amazônia. Não vejo nenhum benefícios em prol das causas indígenas e mais uma vez o lobby de grandes empresários que querem investir nas terras indígenas visando um retorno financeiros. Atrás desse políticos com certeza existem grandes empresários latifundiários que visam futuros lucros” (G2, 54 anos, gerente senior, PA)
“A votação foi bem ampla e o governo saiu perdendo, eu acho que os índios têm o direito legal das terras pois são eles os nativos que habitavam as nossas terras, e por isso tem que ser respeitados, Artur Lira conduziu a votação pensando que seria bom para o país e ele acertou em cheio pois ganhou os votos a favor.” (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)
“Também concordo, todas as partes precisa ser protegida, tanto os ruralistas quantos os indígenas e além do mais que pode contribuir com o desmatamento.” (G2, 31 anos, contadora, BA)
Manifestação Política
Por fim, a pesquisa perguntou aos bolsonaristas como eles vão manifestar seu posicionamento, contra ou a favor, do Marco Temporal quando o assunto for discutido no Senado Federal. Foram citadas as seguintes opções:
31% – Realizar manifestações através de postagens e grupos nas redes sociais, como Facebook, Instagram e Twitter
25% – Realizar de protestos pacíficos nas ruas
20% – Promover a assinatura de abaixo-assinados e petições públicas online
11% – Acionar de lideranças através de grupos especializados ou sindicatos
13% – Não há nada que possa ser feito
O Monitor da Extrema Direita é realizado pelo Laboratório de Estudos da Mídia e Esfera Pública (LEMEP), sediado no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESP-UFRJ), no âmbito do Instituto da Democracia e da Democratização da Comunicação (INCT). A pesquisa é baseada em grupos focais no WhatsApp de funcionamento contínuo.
Leia a pesquisa completa aqui.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil.
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