Opinião
RAUL BOPP
RAUL BOPP

De ADELI SELL*
Um esquecido que aqui morou. Gaúcho de nascimento. Famoso no mundo, mas falta uma luz para aluminar sua obra e vida por aqui.
Como jornalista e diplomata, de 1942 a 1973, viveu em Los Angeles (EUA), Berna (Suíça), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF) e Porto Alegre (RS).
Um dia/ ainda eu hei de morar nas terras do Sem-Fim./ Vou andando, caminhando, caminhando;/ me misturo rio ventre do mato,/ mordendo raízes./ Depois/faço puçanga de flor de tajá de lagoa /e mando chamar a Cobra Norato.
Essa é uma parte do longo poema Cobra Norato, a obra- prima do modernista Raul Bopp.
Raul fez parte da primeira geração do nosso modernismo. Segundo alguns críticos, não teria recebido as
glórias da crítica nem a preferência do público, optando mais pela carreira diplomática do que pela literatura.
Por volta de 1917, fundou os semanários O Lutador e Mignon, em Tupanciretã, no Rio Grande do Sul.
Anotem: Tupanciretã/RS.
Cursou Direito, entre 1918 e 1925, em Porto Alegre, Recife, Belém e Rio de Janeiro; frequentado cada ano letivo em uma capital.
Na década de 1920 percorreu a Amazônia, e em 1922 participou na Semana de Arte Moderna, em São Paulo. Passou a integrar, com Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Antônio Alcântara Machado os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico.
Em 1931 lançou Cobra Norato, seu primeiro livro de poesia e um dos mais importantes do modernismo. Nele, Bopp cria um drama épico e mitológico nas selvas amazônicas, incorporando à estrutura do verso livre elementos do folclore e da fala regional.
Em Urucungo (1932), Bopp volta-se para a cultura africana e sua influência na formação histórica do Brasil, traçando uma viagem das aldeias às margens do rio Congo à realidade das favelas.
Publicou, entre outros, os livros em prosa América, Notas de um Caderno sobre o Itamaraty, Movimentos Modernistas no Brasil: 1922/1928, Memórias de um Embaixador, Bopp Passado a Limpo por Ele Mesmo, Vida e Morte da Antropofagia e Longitudes.
Sua obra poética inclui Poesias (1947) e Mironga e Outros Poemas (1978). Depois da primeira publicação, Cobra Norato teve novas edições em vida do autor que, a cada uma delas, fazia alterações no texto original.
NOTA – Como vocês tem visto, tento levantar gente que teve nome, que teve história, que escreveu e fez muito, mas que o tempo vai apagando aos poucos, porque há interesses em apagamentos…
*Escritor, professor e bacharel em Direito.
Foto: Acervo da família de Raul Bopp / Divulgação.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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