*O programa é para homenagear o saudoso presidente do Chile Salvador Allende. Para registrar os 50 anos da sua morte, no próximo dia 11, a Fundação Allende em parceria com a Associação Brasileira de Imprensa, a ABI, do Rio de Janeiro, promove o ato Allende não se rende em sua memória. Às 16 horas.
*(…) “Esta será a última oportunidade em que poderei dirigir-me a vocês. A Força Aérea bombardeou as antenas da Rádio Magallanes. Minhas palavras não têm amargura, mas decepção”. (…) “Só me cabe dizer aos trabalhadores: não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. (…) Neste momento definitivo, o último em que eu poderei dirigir-me a vocês, quero que aproveitem a lição: o capital estrangeiro, o imperialismo, unidos à reação, criaram o clima para que as Forças Armadas rompessem sua tradição”.
*(…) “Sempre estarei junto a vocês. Pelo menos minha lembrança será a de um homem digno, que foi leal à Pátria. O povo deve defender-se, mas não se sacrificar. O povo não deve se deixar arrasar nem tranquilizar, mas tampouco pode humilhar-se”.
*(…) “Saibam que mais cedo do que tarde, de novo se abrirão as grandes alamedas por onde passará o homem livre para construir uma sociedade melhor”.
*(…) “Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. Tenho certeza de que, pelo menos, será uma lição moral que castigará a perfídia, a covardia e a traição”.
*Sugestão de roteiro cinematográfico em memória da época: dois documentários clássicos tratam do golpe e da ditadura militar chilena. A Batalha do Chile, de Patrício Guzmán e No, de Pablo Larraín (resenha aqui). Ambos no Youtube. E mais: ReMastered Massacre no Estádio, de Bent-Jorgen Perlmutt, sobre a perseguição a músicos chilenos, entre eles Víctor Jara – na Netflix. Violeta foi para o Céu, a trajetória de Violeta Parra, de Andrés Wood, e Neruda, de Pablo Larraín, também no Youtube.
*A Bienal do Livro Rio completa 40 anos com uma edição comemorativa trazendo encontros e discussões acompanhando as mudanças do mundo e reunindo mais de 300 autores em 80 encontros com leitores, e cerca de 300 editoras do país. Até o próximo dia 10, no Riocentro, Avenida Salvador Allende, Barra da Tijuca. De segunda a sexta-feira das 9 às 21 horas. Sábado e domingo das 10 às 22 horas. Feriado: das 9 às 22 horas. Menores de 14 anos apenas podem entrar acompanhados dos pais ou responsável legal. E crianças com altura de até um metro não pagam ingresso.
*Em uma época em que a alfabetização das novas gerações é formulada contemplando também o conhecimento da organização de letras em teclado de computador (script) , é importante não deixar que as crianças e os jovens percam o contato com a literatura, a curiosidade pelos livros e o amor por eles. Visitar a Bienal do Livro é um excelente programa, em especial para crianças e adolescentes.
*A capital paulista também com o fim de semana turbinado com a 35ª edição da famosa Bienal de São Paulo que irá até 10 de dezembro, no Parque Ibirapuera. O maior evento de arte contemporânea do hemisfério sul, organizado pela Fundação Bienal, este ano conta com 1100 obras de 121 artistas dos quais “80% são não-brancos”, como anuncia a curadoria. É um grande programa visitá-la, instalada no belo pavilhão concebido por Oscar Niemeyer o qual, desta vez, terá paredes temporárias montadas no seu vão central.
*Lukács: uma introdução, da Boitempo, apresentado por José Paulo Netto, um dos mais conhecidos marxistas brasileiros e coordenador da Biblioteca Lukács, com dez obras do filósofo traduzidas diretamente do alemão. Para José Paulo, a obra lukacsiana continua a se mostrar uma esfinge para o leitor comum: “Entretanto, aqui não se repete o dilema grego: ‘Decifra-me ou devoro-te’, o desafio proposto pela obra lukacsiana é diverso. Resume-se em um ‘Decifra-me e compreenderás melhor o teu mundo’“.
*Desinformação e covid-19: desafios contemporâneos na comunicação e saúde é o titulo do livro recém-lançado pelo Instituto de Saúde Pública e organizado por Cláudia Malinverni, Jacqueline Brigagão, Janine Cardoso, Edlaine Faria Moura Villela e Carlos Roberto Z. Bugueño. O professor aposentado de Saúde Pública da USP, Paulo Capel Narvai, participa do trabalho com um capítulo que versa sobre o símbolo do SUS oculto durante a pandemia. A versão digital, gratuita, da íntegra do importante livro pode ser encontrada neste link.
*Para comemorar 112 anos, o Theatro Municipal de São Paulo apresenta, durante todo este mês, três óperas compostas nos séculos XX e XXI. A primeira, Isolda/Tristão, com música e libreto escritos pelas brasileiras Clarice Assad e Márcia Zanelatto e participação do Coral Paulistano. Dias 15, 17, 19, 20, 22 e 23. A segunda, nas mesmas datas, é Ainadamar, do argentino Osvaldo Golijov, que conta a história da atriz catalã Margarita Xirgu, exilada da Espanha pela ditadura franquista. A terceira é fruto do projeto Ópera Fora da Caixa. De Hoje para Amanhã, do austríaco Arnold Schoenberg, será encenada dias 21, 22, 23, 27, 28 e 29 de setembro. Todas às 21 horas.
*Planos para o Brasil, projetos para o mundo – O novo imperialismo britânico e o processo de Independência (1800-1831), do professor emérito da USP, José Jobson de Andrade Arruda, é sugestão de leitura sobre o tema da Independência. Diz a apresentação do volume: “Em um momento paradigmático de nossa história, em um mundo em crise, sob ameaças de destruição biológica e nuclear, de extinção de direitos democráticos e de autonomias políticas, e apontando para o retorno de autoritarismos, é fundamental entender, através do processo da Independência, a formação do Brasil”. (Editora Alameda).
*Participaram do Festival de Cinema de Veneza os curtas-metragens brasileiros Mãri Hi – A Árvore do Sonho, de Morzaniel Ɨramari, premiado no Festival de Gramado e no É Tudo Verdade, e dois filmes yanomamis – Yuri uxëa tima thë – A Pesca com Timbó e Thuë pihi kuuwi – Um Mulher Pensando, ambos dirigidos por Aida Harika, Edmar Tokorino e Roseane Yariana. Apresentação deles também na Bienal do Livro.
*Disponível no aplicativo Skeelo, a partir deste mês, a primeira obra do recém-fundado Clube Aleph, o clássico Eu, Robô. Estarão disponíveis, todos os meses, e-books de ficção científica e cultura pop nesse ecossistema de livros e leitura.
*Dias atrás, replicada no Sputnik Brasil a entrevista concedida pelo embaixador brasileiro José Maurício Bustani ao site The Intercept na qual ele relata uma reunião, em 2022, com o então subsecretário de Estado para Controle de Armas e Assuntos de Segurança Internacional do governo Bush, John Bolton, um dos principais defensores da invasão norte-americana do Iraque. O embaixador Bustani foi destituído da chefia da Organização para a Proibição de Armas Químicas após uma indecorosa pressão norte-americana cujo governo insistia na existência de armas químicas por parte do governo iraquiano para desse modo justificar a invasão daquele país.
*”Ele (Bolton) entrou no meu escritório”, conta o embaixador, “me ameaçou e deu 24 horas para que eu renunciasse. Foi um ultimato. E disse: ‘Nós sabemos onde estão seus filhos’. Na época, dois deles estavam em Nova York. Eu respondi: ‘Eu não tenho medo de nada e nem eles. Se vocês quiserem, me ponha para fora’”.
*Vaza Jato: os Bastidores das Reportagens que Sacudiram o Brasil é o título do livro da extensa reportagem da jornalista Letícia Duarte com entrevistas e relatos de fontes que desvendam os bastidores da série de reportagens que sacudiram o país. Na segunda parte do volume, uma seleção de matérias publicadas durante a Vaza Jato e duas reportagens inéditas: uma, sobre as relações dos procuradores com a Rede Globo, e outra sobre o dia da condução coercitiva do ex-presidente Lula. (Mórula Editorial).
*O documentarista paulista Sérgio Roizenblit (de O Milagre de Santa Luzia) apresentando sua primeira ficção, Agreste, no 27º Cine PE – Festival do Audiovisual que vai até sábado, dia 9. O roteiro, participante do Laboratório Franco Brasileiro de Roteiros, do Festival Varilux de Cinema Francês de 2017, se passa no interior do Nordeste e narra o conflito entre a intolerância religiosa e moral e uma história de amor e liberdade protagonizada por um trabalhador rural e uma jovem prometida a um casamento arranjado.
**Jornalista carioca. Foi editora e redatora em programas da TV Globo e assessora de Comunicação da mesma emissora e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Foi também colaboradora de Carta Maior e atualmente escreve para o Fórum 21 sobre Cinema, Livros, faz eventuais entrevistas. É autora de vários livros, entre eles Novos velhos: Viver e envelhecer bem (2011), Manual Prático de Assessoria de Imprensa (Coautora Claudia Carvalho, 2008), Maturidade – Manual De Sobrevivência Da Mulher De Meia-Idade (2001), entre outros.
As informações acima são fornecidas por editoras, produtoras e exibidoras.
Imagem destacada de Salvador Allende (Creative Commons).
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