Especial
Programação cultural – de 23 a 29 de setembro
Programação cultural – de 23 a 29 de setembro
Por LÉA MARIA AARÃO REIS**
*Com grande repercussão, o histórico discurso do Presidente Lula na ONU encerra os programas da semana que passou. Relembramos de algumas passagens. Elogiado e reconhecido até por adversários políticos, sua fala enfatizou: “O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assolam as democracias. Seu legado é uma massa de excluídos. Em meio a seus escombros, surgem aventureiros de extrema-direita que negam a política e vendem soluções tão fáceis quanto equivocadas. Muitos sucumbiram à tentação de substituir um neoliberalismo falido por um nacionalismo primitivo, conservador e autoritário”.
O Presidente apontou: “O princípio sobre o qual se assenta o multilateralismo, o da igualdade soberana entre as nações, vem sendo corroído nas principais instâncias da governança global”.
Muito acertadamente colocou um dedo na ferida institucional global, denunciando: “As instituições reproduzem as desigualdades e fazem parte do problema e não da solução”.
E em um dos trechos mais significativos: “Continuaremos críticos a toda tentativa de dividir o mundo em zonas de influência e de reeditar a Guerra Fria”.
*Já sugerimos aqui, em Programas, mas repetimos: ler O que fazer com o Militar, de Manuel Domingos Neto, a ser lançado dia 25 próximo, às 19 horas, na Fundação Escola de Sociologia e Política, Rua General Jardim, 522, em SP. “O militar fracassou em sua missão precípua. Em que pese o Brasil deter capacidade científica e industrial e dispor de um dos maiores orçamentos de Defesa do mundo, o militar não consegue negar os espaços territorial, marítimo, aéreo e cibernético ao desafiante medianamente preparado”, diz um trecho do volume. (Ed. Gabinete de Leitura).
*A escritora Conceição Evaristo venceu o Troféu Juca Pato de Intelectual deste ano com seu mais recente livro, Canção para ninar menino grande (Ed. Pallas). É a primeira vez que uma mulher recebe esse prêmio da União Brasileira dos Escritores. A cerimônia de entrega será em novembro, durante o Festival Literário Internacional de Itabira, em Minas Gerais, organizado pelo crítico e livreiro Afonso Borges. Quem faz a entrega do troféu, por tradição, é o ganhador do ano anterior – nesse caso, o Padre Júlio Lancellotti.
Maria da Conceição Evaristo de Brito é linguista e escritora afro-brasileira, professora aposentada como pesquisadora-docente universitária e uma das mais influentes eruditas do movimento pós-modernista no Brasil. Autora de romances, contos e ensaio, ela foi Prêmio Jabuti de 2015.
“Agradeço a todo mundo que votou em mim”, diz Conceição Evaristo. “Celebro a vida porque é muito bom você ser reconhecida e receber homenagens enquanto você está viva, enquanto tem condição de perceber a grandeza do que está lhe acontecendo. Sou uma pessoa que se sente feliz aos 76 anos”, festejou a escritora.
*Cativeiro sem fim é o livro do jornalista Eduardo Reina, a denúncia e o relato de histórias dos bebês, crianças e adolescentes sequestrados pela ditadura militar no Brasil. Com prefácio de Caco Barcellos, é “obra absolutamente meritória, escrita por um jornalista acima de tudo, um cidadão a serviço da Memória, da Verdade e da Justiça. Para que não se esqueça, para que não se repita!”, escreve Eugênia Augusta Gonzaga, Procuradora Regional da República e Presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, na apresentação do importante trabalho.
“Após concluir sua profunda e cuidadosa pesquisa, Reina cuidou, antes mesmo da publicação deste livro, de levar os fatos criminosos que apurou ao conhecimento do Ministério Público Federal, pela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão. Esta, por sua vez, transformou o depoimento de Eduardo em representação a cada um dos órgãos ministeriais com atribuição sobre as graves lesões cometidas”. O autor “demonstra inequivocamente o terrorismo de Estado cometido no período”, anota Eugenia. (Ed. Alameda).
*Novidade no próximo Festival de Cinema Italiano, no Brasil, uma tradição de 18 anos que fecha o ano com novidades cinematográficas. Desta vez, os filmes serão mostrados em cinemas de 50 cidades brasileiras com a mostra se iniciando dia 02 de novembro e em seguida espalhando-se pelo país. Outra novidade: a partir do dia 8 e até 9 de dezembro, uma seleção dos filmes da mostra estará disponível on-line, gratuitamente.
*E mais novidade da 47ª edição desse Festival: o grande homenageado é Michelangelo Antonioni. Um desenho de autoria do diretor, de 1960, será reproduzido como cartaz do certame. Para quem não lembra: Antonioni foi diretor, roteirista, editor e também pintor. E além da exibição dos seus imensos filmes clássicos haverá a leitura de um roteiro inédito do grande cineasta de Ferrara.
*Roteiro do ‘festival Michelangelo’: Profissão: Repórter, de 1975, Blow-Up – Depois Daquele Beijo, de 1966, e a trilogia da incomunicabilidade, com os admiráveis A Aventura (1960), A Noite, de 1961 e O Eclipse, de 1962.
*Bom programa de leitura para outubro: Milton Nascimento nos trilhos da América Latina, da pesquisadora, historiadora, clarinetista e musicóloga Fernanda Paulo Marques. O volume está em pré-venda. De modo minucioso, o estudo sobre a música de ‘Bituca’ concentra-se no ambiente da cena musical latino-americana dos anos de 1970. (Alameda).
*Para quem estiver em Paris esta semana: visitar a exposição de pinturas e fotos na Galerie Artes, na Rue Frédéric Sauton, 11, Six Artistes à Paris. Uma das imagens produzidas por um grupo de seis artistas é assinada por Maria Eugênia Nabuco, com fundo da favela da Rocinha. O trabalho, premiado em 2021, no Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco, tem o título Licença para Matar e foi apresentado pela primeira vez, há dois anos, no Salon de L’Union des Arts Plastiques de St. Denis, também em Paris. É uma forte imagem de crítica social à violência nas comunidades do Rio.
*Inscrições abertas no PT para o curso Formação Política para Candidaturas Petistas 2024 com a parceria da Fundação Perseu Abramo. O curso destina-se a pré-candidatos(as) aos cargos de prefeito(a) e de vereador(a), coordenadores e equipes de campanha, e dirigentes municipais. Aulas de outubro a dezembro. Inscrições aqui.
*O Festival de Cinema Coreano de São Paulo chegando para comemorar os 60 anos da imigração coreana no Brasil. Entre os dias 2 e 6 de outubro, no Espaço Itaú de Cinema, serão apresentados, gratuitamente, filmes da vibrante produção cinematográfica desse país nos últimos 20 anos. Os gêneros mais elogiados dos filmes coreanos são os de terror, suspense e os documentários. Entre eles, os conhecidos Parasita, Decisão de Partir, Em Chamas e Força Bruta.
*Começou a maior edição da Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM) com o tema Diversidade, e homenageando Gilberto Gil como a maior expressão do multiculturalismo. A FLIM irá até 1º de outubro.
*Expectativa que vem do Clube do Livro de outubro, da Editora Boitempo: o volume com ensaios de Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici. Chama-se Democracia para Quem?, e reflete sobre feminismos e questões de raça, classe, gênero, ecologia, liberdade. Lançamento para o próximo mês em versão impressa e em e-book.
*Passeios programados pelo oásis na cidade que é o Parque Lage, no bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro, e com guia de turismo. O próximo passeio, dia 23, sábado próximo, terá o encontro do grupo na entrada do parque, às 10 horas.
*De olho no 25º Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, de 5 a 15 de outubro, em especial na sua seção Première Brasil, creme do creme de longas de ficção e documentários brasileiros, todos inéditos. O acontecimento traz a força de uma produção nacional vigorosa que resistiu à pandemia de Covid-19 e ressurge para competir com Gramado e com os certames de SP e Brasília.
*A crítica cinematográfica, aliás, vem antecipando como grande surpresa nesse super festival carioca o filme Othelo, o Grande, um doc de Lucas H. Rossi. Othelo, no caso, é o saudoso ator Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo. Produção de Ailton Franco.
*Concluindo o vibrante início com eventos de primavera, relembramos mais um trecho da fala do Presidente Lula, na ONU, ressaltando a preocupação geral com as novas condições de trabalho, no mundo, que, aliás, já é realidade: “Aplicativos e plataformas não devem abolir as leis trabalhistas pelas quais tanto lutamos”.
**Jornalista carioca. Foi editora e redatora em programas da TV Globo e assessora de Comunicação da mesma emissora e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Foi também colaboradora de Carta Maior e atualmente escreve para o Fórum 21 sobre Cinema, Livros, faz eventuais entrevistas. É autora de vários livros, entre eles Novos velhos: Viver e envelhecer bem (2011), Manual Prático de Assessoria de Imprensa (Coautora Claudia Carvalho, 2008), Maturidade – Manual De Sobrevivência Da Mulher De Meia-Idade (2001), entre outros.
As informações acima são fornecidas por editoras, produtoras e exibidoras.
Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.
Toque novamente para sair.