Curtas
PRF aplicou mais de 90% das multas contra organizadores de bloqueios bolsonaristas somente após possibilidade de prisão do diretor-geral
PRF aplicou mais de 90% das multas contra organizadores de bloqueios bolsonaristas somente após possibilidade de prisão do diretor-geral
Diretor é investigado pela PF pela demora em desfazer bloqueios.
Das 55 multas aplicadas contra lideranças bolsonaristas que bloquearam estradas, 50 ocorreram somente após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter determinado a liberação das estradas e ameaçado prender o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.
O balanço consta no ofício da PRF enviado ao STF, a que o portal g1 teve acesso.
Este balanço indica que apenas cinco das 55 multas (9%) foram aplicadas até as 21h do dia 31 de outubro, segunda-feira, 24h após o resultado do segundo turno das eleições. Naquele dia, pelo menos 23 estados e o Distrito Federal registraram mais de 300 estradas fechadas.
Os bloqueios haviam começado um dia antes, ainda em 30 de outubro, depois de confirmada a vitória de Lula (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais. Contrariados com os resultados das urnas, os manifestantes trancaram estradas pedindo intervenção militar, o que é ilegal, pois vai contra a Constituição brasileira baseada na democracia.
Por volta das 21h30 do dia 31, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Rodoviária Federal e as polícias militares dos estados tomassem ações imediatas para desobstrução de vias ocupadas ilegalmente, inclusive, com pena de prisão ao diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, em caso de descumprimento. E foi após esta decisão que a PRF aplicou as outras 50 multas, o equivalente a 91% do total.
Nesta quinta-feira (10), a Polícia Federal (PF) abriu investigação contra Vasques pela demora em desobstruir as vias. Ele pode responder também pelo crime de violência eleitoral. O Ministério Público Federal (MPF) apontou irregularidades nas blitzes realizadas pela PRF durante o segundo turno das eleições.
Segundo dados do relatório, a PRF aplicou R$ 18 milhões em multas apenas nos três primeiros dias de protestos, além de ter efetuado 34 prisões e identificado mais de 730 manifestantes. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), cada dia de bloqueios provocou a perda de R$ 2 bilhões apenas no comércio – sem contar os prejuízos e danos em outras áreas, como transporte de doentes e órgãos para transplante.
Foto do Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, investigado pela ação no 2º turno da eleição — Divulgação/PRF.
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