Destaque
Para você, para mim, para todos nós!
Para você, para mim, para todos nós!
Por ANGELO CAVALCANTE*
Erra feio, bem feio quem pensa que o acontecido em Brasília com os indiciamentos de Bolsonaro e de todo seu staff golpista por comprovado atentado ao estado democrático de direito se limita a lutas e refregas pelo poder central do país.
Bem mais… Muito mais que isso!
Vamos partir do óbvio e mais substantivo! Estou a tratar do mais correto e pertinente e que, justamente, é o magistral texto/relatório e primorosamente produzido pela Polícia Federal do Brasil, aliás, das maiores e melhores polícias do mundo.
Pois sim…
O Relatório apresentado é um libelo, um primor, um ornamento fino, irretocável e da mais elevada qualidade e precisão.
Por sinal, digo e afirmo que esse Relatório deve mesmo é ser emoldurado e posto na sala-de-estar de todos os democratas do país.
É que o ” quase poema ” do Relatório soube combinar uma descrição sumamente técnica com um adensado claro, coeso e incontestável de dados e informações onde o mais estúpido dos homens não pode não compreender.
Tudo com linguagem clara, óbvia e, em seu geral, de rasgado domínio público.
Bom…
A malta golpista, mais do que esquadrinhar um golpe, logrou desenvolver um esquema de morte com metodologia de guerra muito bem definida; era, digamos assim, espécie de “máquina criminal” operando adequada e coerentemente com começo, meio e fim.
Isso, e o que chamo de “Método anti-Brasil”, se utilizava, reparem bem, de técnicas e dispositivos próprios e específicos de exércitos regulares a envolver a toma e o domínio de territórios, a constituição de ampla base de dados a envolver o cotidiano, os usos e costumes do “inimigo”, passando pelo estudo minucioso das defesas do adversário até a utilização de práticas assumidamente terroristas como a explosão de carros, residências, prédios e pessoas.
Isso é o bolsonarismo em sua fase mais elaborada, carnal e escancarada. É morte!
Pois bem…
O momento posterior ao que estava dado no script do golpe era precisamente o que se utiliza no jargão militar como sendo “ações de normalidade”.
Explico… Depois que o Presidente da República estivesse morto, o vice-presidente igualmente eliminado e o presidente do TSE, o crème de la crème, do ódio bolsonarista, o ministro Alexandre de Moraes, devidamente executado, visando impedir ebulições de resistências país afora, milicos e gendarmes de todos os tamanhos, padrões e coturnos partiriam contra os ditos “inimigos internos “.
Agora, atrevidamente, lhes lanço uma questão: sabem quem são os “inimigos internos”? Conseguem imaginar? Confabular algo a respeito?
Que dizem?
Eu digo sem nenhum medo de errar…
…Os “inimigos internos” são os legalistas, os democratas; são todos os brasileiros e brasileiras que exigem o cumprimento da Constituição; os ” inimigos” são todos os que se opõem ao ódio do fascismo, são os que defendem justiça, igualdade, liberdade e direitos humanos.
São todas e todos que corajosamente dizem que um homem não pode ser torturado nos fundos de uma delegacia porque roubou uma maçã, um pote de margarina ou dois quilos de arroz de qualidade “C”.
Meu caro… Minha cara…
Os ” inimigos internos ” sou eu, é você, é o padre do meu bairro e que, a cada homilia feita, condena a fome, o analfabetismo e a violência policial; o ” inimigo ” somos nós, os professores e que não param de denunciar as desgraças sociais advindas de sociedades abissalmente assimétricas, feito a goiana e a brasileira.
Os “inimigos” são todas e todos que não admitem a miséria e a injustiça como desígnio divino, como coisa natural ou como ociosidade e incuúria surgida de 3/4 dos brasileiros.
Por fim… Acredite…
…Essa, mais essa tentativa de golpe, veio e foi formatada, sobretudo, para nós, os povos do “chão”, da base social, do mundo do trabalho, de onde, não por menos, as subversões, resistências e revoluções mais urgentes e necessárias surgem.
Até cito profícua conversa com o Professor Glauber Xavier (ECO/UEG), aliás, um excelente analista político, e que tive na noite de ontem, 6ª feira, acerca de mais essa intentona onde o arremate da conversa foi: “… O golpe, ora, ora… O golpe foi para você, para mim, para nós!”.
Viva a República!
A luta segue porque, como nos ensina o icônico corso Antônio Gramsci, não por menos morto pelo fascismo de Benito Mussolini: “A cadela do fascismo está sempre no cio!”.
E essa desgraça é pródiga em parir!
* Angelo Cavalcante é Economista, professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Itumbiara.
Ilustração de capa: Reprodução
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