Opinião
O que esperamos do governo brasileiro
O que esperamos do governo brasileiro

De CLÁUDIO DI MAURO*
Quem imaginou que o nazifascismo estivesse derrotado definitivamente… se enganou!
Sua capacidade de revigorar é contínua. Seus fundamentos são anteriores aos massacres de judeus.
No mundo inteiro há núcleos que tomam iniciativas e fustigam as inteligências mais torpes e repletas de ódios.
São os mesmos comportamentos e princípios colonialistas, eurocentristas, de homens brancos que levaram o genocídio contra os povos originários das Américas; que levaram a defender e implementar a escravidão contra indígenas e povos afrodescendentes; contra judeus e contra palestinos; enfim, são os mesmos princípios que até antecedem a implantação do capitalismo. Mas que estão revigorados no capitalismo.
No caso da atualidade brasileira, o bolsonarismo teve a função de reacender e estimular os mesmos comportamentos humanos dos pretensos conquistadores, repletos de ódio contra toda possibilidade de promover relações de solidariedade e fraternidade. São as forças contrarrevolucionárias ativadas.
Ao mesmo tempo em que tais comportamentos emergem, ainda que antes estivessem aplacados, submersos, também crescem os espíritos de fraternidade e solidariedade universais, as forças revolucionárias populares. O poder de reação das forças humanistas, ao longo a história do planeta, tem crescido em consciência política e na capacidade de enfrentamento contra as forças reacionárias.
Em cada período de pressão autoritária, sob essa tortuosa ferida se desenvolve a chama da liberdade e da solidariedade de classe, assumindo a postura revolucionária.
Em outras palavras, a postura revolucionária da humanidade tem crescido ao longo da história e poderá demonstrar que o imperialismo capitalista é fato histórico e terá fim. Não que isso seja o caso de determinismo da natureza. Mas é a movimentação dialética com fortalecimento e desenvolvimento das forças humanistas e populares.
No caso brasileiro, os 2 governos Lula tiveram caráter de aprendizado que poderá ser aproveitado nesta fase Lula 3. Não que isso seja fruto do determinismo, mas é demonstração da aprendizagem acumulada.
Está explícito que para termos sucesso e um governo aprovado pelos eleitores que elegeram Lula, torna-se preciso:
– reverter a transferência de ganhos e a partir de agora destiná-los para a base da pirâmide social, evitando o enriquecimento a cada dia maior para 1 ou 2% daqueles que ocupam o topo da mesma pirâmide;
– isso gera indisposição com os banqueiros e endinheirados… Os mesmos nazifascistas que promoveram o holocausto e desentranharam os escravagistas de plantão, os costumes eurocentristas dos colonizadores brancos;
– para compensar essa insatisfação, afetando a opinião pública aliciada pela grande mídia, será necessário adotar medidas capazes de gerar mobilização social, como exemplo: – redução no preço dos combustíveis que afetam todos os bens indispensáveis para a vida humana;
– redução nos preços dos alimentos;
-estimular o desenvolvimento da economia solidária capaz de gerar renda para um número significativo entre os atuais desempregados;
– abertura de créditos mais baratos para que a classe média faça investimentos capazes de gerar empregos e com isso o aumento da massa salarial;
– melhoria considerável nos serviços de saúde com investimentos no SUS e fornecimento de medicamentos.
Isso como exemplo.
De onde deve sair este financiamento? Da cobrança de impostos das bilionárias fortunas; da revisão com redução do pagamento da dívida pública.
Certamente medidas desse calibre darão a aprovação popular daquela parcela social que aprova o enfrentamento do Lula aos juros escorchantes do Banco Central.
Com esse apoio popular, o governo Lula poderá adotar outras medidas que permitem implantar um modelo que seja efetivamente revolucionário.
Se não houver o devido apoio popular referido, não haverá sucesso para os ajustes necessário no plano destinado a estabelecer o equilíbrio fiscal que está sendo proposto pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad em conjunto com a Ministra do Planejamento Simone Tebet. O Governo Lula não poderá se deslocar das bases populares que lhe deram a vitória eleitoral.
Torna-se indispensável um plano de comunicação que dialogue efetivamente com a população no desenvolvimento da cidadania, com compromisso nas transformações sociais, econômicas e ambientais.
*Geógrafo e ambientalista, docente em Planejamento e Gestão Urbana, e também em Territorial e de Bacias Hidrográficas.
Imagem em Pixabay.
As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.
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