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Opinião

O quase presidiário é apresentado como líder do PL pelos jornalões

O quase presidiário é apresentado como líder do PL pelos jornalões

Artigo por RED
25/09/2023 16:00 • Atualizado em 26/09/2023 11:20
O quase presidiário é apresentado como líder do PL pelos jornalões

De MOISÉS MENDES*

Impressiona a naturalidade com que os jornais da grande imprensa trataram, no domingo, as declarações de Bolsonaro sobre a eleição em São Paulo.

Todos os jornalões informaram que o sujeito fez avaliações sobre a postura do PL, dando a entender que pode interferir nas campanhas municipais.

A linha geral foi mais ou menos essa: Bolsonaro considera que o PL tem problemas a resolver na capital paulista e em outras cidades e que ele tem as soluções.

As declarações foram dadas por intervenção online, mostrada em telão, em evento nacional da extrema direita, o CPAC Brasil 2023, em Belo Horizonte.

Bolsonaro falou de platitudes, como essa dos problemas que não disse quais são, para sugerir que tem protagonismo assegurado nas próximas eleições. E que ele dirá quem é o candidato da direita.

Bolsonaro foi delatado como criminoso pelo seu ex-ajudante de ordens, que o denunciou à Polícia Federal por envolvimento direto na trama do golpe.

Bolsonaro não é nada na estrutura do PL, um partido que ele alugou para tentar a reeleição. Não é homem de comando, não é líder, não tem controle nenhum sobre os quadros do partido.

Bolsonaro é um indivíduo cada vez mais cercado pelo sistema de Justiça, que só não o prendeu ainda, como um dia fizeram com Lula, sem provas, por causa de concessões que talvez possamos entender mais adiante.

O cara que sugere estar falando de estratégias para 2024, mas que não diz nada com nada, não poderia ser visto como possível personagem da eleição pela imprensa, porque não é visto assim nem por Valdemar Costa Neto.

A direita de São Paulo não quer nada com Bolsonaro. O Datafolha mostrou em agosto que 68% dos paulistanos não votariam em candidato indicado por ele. E que Lula tem aprovação de 45% na capital.

O PL e o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que tentará a reeleição, não querem andar de mãos com Bolsonaro agora.

O candidato do bolsonarismo a vice em uma possível chapa com Nunes, para enfrentar Guilherme Boulos, seria seu advogado Fabio Wajngarten, citado todas as semanas como envolvido em conversas com Mauro Cid sobre o rolo das joias.

Nem Bolsonaro nem Wajngarten são companhias que alguém possa querer no momento e dificilmente irá querer mais adiante, com a tendência de agravamento da situação dos investigados em todos os rolos do bolsonarismo.

As manchetes que apresentam Bolsonaro como possível líder do PL, e não como cabo eleitoral (porque talvez nem isso ele consiga ser), são uma tentativa de colocar o chefe dos muambeiros em algumas notícias ‘positivas’.

Bolsonaro tem que aparecer em algum lugar, para que a extrema direita não reclame, e por isso surge como um líder que pode orientar a postura do PL em 2024.

O que se sabe é que Bolsonaro passou a ser um aliado de alto risco e que, muito antes da campanha às eleições municipais, poderá estar na cadeia com outros golpistas. Bolsonaro é hoje apenas um quase presidiário.


*Jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).

Publicado no Blog do Moisés Mendes.

Foto: Marcos Corrêa/Presidência da República.

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