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Opinião

O conflito Rússia/Ucrânia e suas consequências para o consumidor brasileiro

O conflito Rússia/Ucrânia e suas consequências para o consumidor brasileiro

Artigo por RED
13/10/2023 05:30 • Atualizado em 15/10/2023 12:21
O conflito Rússia/Ucrânia e suas consequências para o consumidor brasileiro

De LUIZ RENI MARQUES*

Os gigantescos navios carregados de grãos, óleo e minérios formam uma enorme procissão ao cruzar o Estreito de Bósforo, em Istambul, na Turquia, onde a Europa e a Ásia se encontram, partindo para os mercados de todos os continentes. A quantidade de embarcações impressiona, no entanto, especialistas ressalvam que desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, no início do ano passado, ela caiu drasticamente, prejudicando o abastecimento mundial. E o Brasil também está sofrendo com as dificuldades na movimentação das cargas dos dois países do leste europeu.

Os ucranianos e os russos são grandes fornecedores globais, principalmente de commodities, como trigo, cevada, milho, gás natural, petróleo e derivados, além de dezenas de outros produtos. Economias emergentes, os dois são igualmente compradores de soja, ferro, carne e mais uma infinidade de itens. Em um ano e meio de confronto, os dois países já sofreram queda significativa no PIB (Produto Interno Bruto) e nas suas exportações e importações, seja por bloqueios decretados pelas potências mundiais, ou pelas dificuldades de embarque e desembarque nos portos locais causadas pelas operações de guerra.

Ao contrário de combates em países como o Sudão e o Iêmen, que despertam ínfimo interesse junto ao público e a mídia internacional, por não terem destaque econômico, nem papel relevante na geopolítica mundial, a Rússia é uma potência militar de primeira grandeza e a Ucrânia está em um grupo intermediário. E, diplomaticamente, ocupam um lugar no meio do caminho entre os dois colossos atuais: Estados Unidos e China. A vizinha Europa está pagando um preço elevado por seu envolvimento, na medida em que é dependente do gás natural e dos minérios russos e dos cereais ucranianos. Mas os efeitos do conflito na região do Mar Negro espalham-se por todo o planeta.

Os estilhaços dessa guerra atingem o Brasil, que perdeu embarques de soja, ferro e carne destinados à Rússia e de café, açúcar, alumínio, entre outras mercadorias que rumavam para a Ucrânia e, com a perda desses mercados, viram seus preços despencarem nas bolsas de alimentos. Sofremos, também, com o corte no fornecimento de fertilizantes e diesel russos e trigo e cevada ucranianos. A busca desses produtos em outros lugares acarreta desembolsar mais para importá-los. E a majoração desses custos desagua nos preços dos alimentos e de tudo mais que consumimos. Basta uma conferida nas gôndolas do mercadinho do bairro para confirmar essa realidade.

As exportações brasileiras têm seus lucros reduzidos porque indústrias, agricultores e criadores estão gastando mais para produzir. A guerra, vai além dos interesses dos países envolvidos, seus efeitos repercutem em todos os continentes. As relações internacionais mudaram e as divergências não podem mais serem resolvidas na ponta do sabre como eram antes. É preciso respeitar os valores de cada integrante dessa aldeia global anunciada pelo canadense Marshall Mac Luhan, e a arma deve ser o diálogo. Que a guerra chegue ao fim e possamos voltar a comprar, por preço razoável, a farinha usada para assar o pão nosso de cada dia e a cevada que garante a cerveja que embala os encontros com os amigos.


Luiz Reni Marques estará à frente de “Logística na sua Vida”, o novo podcast da RED. 

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*Estudou Direito e História. Formado em Jornalismo. Foi repórter em Zero Hora, Jornal do Brasil, o Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, Senhor e Isto É, e correspondente free lancer da Reuters, entre outros veículos de comunicação. Redator e editor na Rádio Gaúcha, diretor de redação da Revista Mundo, professor de Redação Jornalística na PUCRS e assessor de imprensa na Câmara dos Deputados durante a Assembleia Nacional Constituinte. Atualmente edita blog independente.

Imagem em Pixabay.

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