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O chapéu da primeira-dama
O chapéu da primeira-dama

Por EDELBERTO BEHS*
Esse Xandão não tem jeito mesmo. Quando o capitão quis ver de perto como era a transmissão de cargo de um presidente perdedor para um presidente vencedor, e aprender como se faz sem fugir da raia, o Xandão cortou o barato: manteve o passaporte do mito, assim que o macho alfa não pôde viajar aos Estados Unidos.
Mas foram a Michelle e o Eduardinho. Só que tiveram que assistir à posse do Donald fora do Capitólio, num telão instalado na Arena de Esportes, no centro da cidade. Poderiam ter visto a posse na televisão brasileira, no conforto do lar, sem precisar enfrentar o frio abaixo de zero que fez em Washington nesses dias.
Mas a ida de Michelle a Washington não foi em vão. Depois, horas depois da posse ela conseguiu, ao que contam as fofocas, uma horinha com Melanie Trump, a primeira-dama que retorna à Casa Branca. Afinal, Michelle queria saber quem desenhou e produziu o chapéu que Melanie usou na posse.
– Ah, foi um estilista de Nova Iorque, muito famoso, que só aceita encomendas com muita antecedência. Se você quiser, posso dar o telefone dele.
– Claro que eu aceito. Se você não se importar, quero um igual, mas não na cor preta e fitinha branca, mas na cor verde e fitinha amarela.
– Não, sem problema. Só usei o chapéu na posse. Não o usarei mais. Talvez vá um dia para um desses museus que coletam peças esquisitas de primeiros mandatários.
– Achei demais, estiloso esse seu chapéu.
– Além de estilo, ele tem outras qualidades. Viu que ele se enterra até a altura do nariz? Assim, não precisei encarar aquele bando de puxa-sacos que vem me cumprimentar. Ah, desculpa, eu não quis ofender.
– Não tem problema. Eu entendo. Mesmo enterrado até o nariz, o chapéu fica confortável?
– Bem confortável. E ele tem mais uma vantagem: tapou os meus ouvidos. Assim, não escutei nada das baboseiras que o Donald falou e do que prometeu fazer nos primeiros dias de governo.
– Ah, que interessante. Só por isso valeu a minha viagem. Depois dessas informações adicionais, é certo que vou mandar fazer um chapéu semelhante e vou usá-lo no encontro de mulheres do partido. Assim, não vou enxergar meus concorrentes a qualquer candidatura para a qual me definir, nem escutar os xingamentos do imbroxável.
– O que é imbroxável?
– Deixa pra lá. É mais ou menos como o teu marido.
*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).
Foto de capa: POOL/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP
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