Morreu na tarde do último domingo (3) o advogado, ex-secretário de Direitos Humanos e ex-ministro da Justiça José Gregori, aos 92 anos. Ele estava internado há mais de dois meses no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, por complicações decorrentes de uma pneumonia.

Gregori teve uma vida marcada pela defesa da democracia e dos direitos humanos. Formado em direito pela Universidade de São Paulo (USP), durante a ditadura militar, defendeu presos políticos e trabalhou ao lado do arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns na luta contra a tortura e a execução de inimigos do regime. Mais tarde, foi um dos fundadores da Comissão Arns, grupo que monitora violações aos direitos humanos no país.

Foi eleito deputado estadual por São Paulo durante a redemocratização do país e fez campanha pelas Diretas Já. Atuou no governo Sarney como chefe de gabinete dos ministérios da Reforma Agrária e da Previdência Social.

Já no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Gregori assumiu a secretária nacional de Direitos Humanos (de 1997 a 2000), a qual ajudou a criar, e o ministério da Justiça (de 2000 a 2001). Trabalhou para viabilizar uma legislação batizada de Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito que substituiria a chamada Lei de Segurança Nacional (LSN). Esta última, contudo, só acabou sendo revogada em 2021.

Mais recentemente, foi embaixador do Brasil em Portugal, membro da Academia Paulista de Letras e, por fim, era presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP.

Sem nunca deixar de lado seus princípios, foi um dos primeiros signatários da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, divulgada em meio a ataques do então presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral, no ano passado.

Foto: Reprodução/OAB-SP