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Opinião

Marcos do Val interrompe, sem querer, mais um plano contra Alexandre de Moraes

Marcos do Val interrompe, sem querer, mais um plano contra Alexandre de Moraes

Artigo por RED
03/02/2023 08:49 • Atualizado em 04/02/2023 11:10
Marcos do Val interrompe, sem querer, mais um plano contra Alexandre de Moraes

De MOISÉS MENDES*

A revelação do novo plano do golpe de Bolsonaro, que previa o grampo de conversas de Alexandre de Moraes, fragiliza e talvez imploda um movimento com patronos na grande imprensa.

Políticos e líderes terroristas ainda impunes mandavam dizer a jornalistas amigos que já teria batido o cansaço em parte do Supremo e do TSE. E que alguns ministros se esforçam para conter Alexandre de Moraes.

A intriga, espalhada antes de aparecer a denúncia de Marcos do Val, seguiria o tom de uma orientação sempre requentada: deixem agora que a política dê conta da política. Parem de mexer com o que já foi mexido demais.

A etapa do pega-e-prende deveria ser superada pela fase ritualística da investigação sem pressa, com a abertura de inquéritos e processos. Que os ritos se encarreguem do que deve ser reparado.

Os mesmos ritos que até agora não repararam nada e ninguém pelos grandes conflitos nacionais entregues a decisões do Judiciário nos últimos anos, com crimes e imbróglios gerados dentro e fora da política.

Não é preciso citá-los de novo, para evitar o exagero da repetição. O brasileiro sabe de cor do que Ministério Público e Judiciário não conseguem dar conta.

Por isso é do interesse do bolsonarismo que as expectativas do país se submetam também ao ritmo dos acossados da extrema direita. Sempre com o latim da lentidão e da enrolação hermenêutica.

Mas Do Val mudou tudo. Um dia depois de Michelle avisar que o marido não teme ser preso, o senador surge com a história do plano do golpe que passaria pelo grampo contra Moraes.

O cansaço do STF, do TSE e de Moraes é uma miragem do fascismo. Impunes exauridos pela possibilidade de se juntarem a terroristas presos na Papuda espalham que Moraes é que estaria exausto. E os jornalões se encarregariam de propagar a novidade e testar reações.

Na mesma linha, setores do Ministério Público insistem na defesa da libertação dos terroristas do 8 de janeiro, de acordo com a graduação de cada um.

Mas, antes mesmo de saber se o comando do Senado seria tomado pelo bolsonarismo, Rosa Weber e Moraes mandaram recados, na quarta-feira, aos emissários dos panos quentes.

Rosa Weber afirmou, na cerimônia de retomada de atividades do STF, que “a clava forte da Justiça” irá alcançar “os que a conceberam, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram” o terrorismo contra os três poderes.

Alexandre de Moraes foi na mesma linha, na reabertura dos trabalhos da Justiça Eleitoral:

“Os financiadores, incentivadores e agentes políticos que se portaram dolosamente, pactuando covardemente com a quebra da democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabilizados”.

Este recado de Moraes foi direto aos que apostam no seu cansaço:

“A democracia brasileira não suportará mais a ignóbil política de apaziguamento”.

A presidente do STF e o presidente  do TSE pedem calma e confiança aos que cobram o fechamento do cerco a manezões mandantes, incitadores e financiadores da tentativa de golpe.

Não há o que apaziguar. Muito menos agora, quando é preciso que se desvende o plano contra Moraes, para desmoralizar a Justiça Eleitoral e impedir a posse de Lula.

O cansaço visível é o da extrema direita, derrotada no Senado no dia em que a improvável e inacreditável mensageira do fascismo era Michelle Bolsonaro.


*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)

Publicado originalmente no  Blog do Moisés Mendes.

Foto: José Cruz/Agência Brasil.

As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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