Curtas
Lula argumenta que a ação do G20 não foi adequada para corrigir as falhas do neoliberalismo.
Lula argumenta que a ação do G20 não foi adequada para corrigir as falhas do neoliberalismo.
Ele também enfatizou que, como presidente do G20, o Brasil vai priorizar a inclusão da redução das desigualdades na agenda internacional
No domingo, durante um encontro de líderes do G20 em Nova Délhi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência do grupo, destacando o compromisso do Brasil em priorizar a redução das desigualdades na agenda internacional. Lula também criticou o sistema financeiro e sua ineficácia na correção das falhas do neoliberalismo. Embora tenha sido uma entrega simbólica, o Brasil oficialmente assumirá o comando do G20 em dezembro, com um mandato de um ano que terminará em novembro de 2024, culminando em uma reunião de líderes no Rio de Janeiro.
— Há 15 anos, este grupo se consolidou como uma das principais instâncias de governança global. Nossa atuação conjunta nos permitiu enfrentar os momentos mais críticos, mas foi insuficiente para corrigir os equívocos estruturais do neoliberalismo — disse.
— A arquitetura financeira global mudou pouco, se tratarmos da questão da desigualdade. A desigualdade de renda, acesso à saúde, educação, alimentação, gênero, raça e de representação está na origem de todas essas anomalias. Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução da desigualdade no centro da agenda internacional — afirmou o presidente, após receber o comando do grupo do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Lula enfatizou a necessidade de intensificar os esforços para erradicar a fome até 2030, alertando que o fracasso nesse objetivo seria um grave revés multilateral. Ele destacou a importância da vontade política e da determinação dos governantes, juntamente com recursos e transferência de tecnologia.
O presidente defendeu maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e reafirmou a importância de reformar o Conselho de Segurança da ONU para incluir mais países desenvolvidos e em desenvolvimento como membros permanentes e não permanentes.
— Representamos [no G20] 80% do PIB global, 75% das exportações e cerca de 60% da população mundial. A comunidade internacional olha para nós com esperança. Vamos fazer com que as trilhas políticas e de finanças se coordenem e trabalhem de forma mais integrada — destacou.
Lula também abordou a necessidade de unidade no G20, independentemente de questões geopolíticas, sem mencionar a guerra entre Rússia e Ucrânia, e sublinhou que as “questões geopolíticas não devem dominar a agenda de discussões”.
— Precisamos de paz, de cooperação, em vez de conflito — afirmou.
Durante sua presidência do G20, o Brasil lançará a Aliança Global contra a Fome e criará uma Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima, com ênfase na inclusão social, transição energética e desenvolvimento sustentável nas áreas social, econômica e ambiental.
— A natureza continua dando demonstração de que nós precisamos cuidar dela com muito mais carinho. Há três dias, no Brasil, um ciclone no Rio Grande do Sul matou 46 pessoas e há quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção, porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta.
A presidência brasileira do G20 incluirá mais de uma centena de reuniões oficiais em todo o país, abrangendo ministros, vice-ministros, altos funcionários e diversos eventos paralelos com entidades acadêmicas, governamentais, empresariais e organismos internacionais.
Lula iniciou o dia homenageando Mahatma Gandhi em uma cerimônia de deposição de flores no Memorial Raj Ghat, destacando a inspiração que a resistência não violenta de Gandhi trouxe para a luta pela independência da Índia do Reino Unido.
— Na minha vida política, Gandhi tem muito significado. A luta pela não violência é um exemplo que, durante décadas, eu segui quando estava no movimento sindical.
No último dia da cúpula do G20, a agenda de Lula incluiu quatro reuniões bilaterais com líderes, incluindo Emmanuel Macron (França), Mark Rutte (Holanda), Charles Michel (Conselho Europeu) e Narendra Modi (Índia).
Em seu discurso de abertura da Cúpula do G20 no sábado, Lula reiterou seu apelo aos países desenvolvidos para um maior compromisso na luta contra o aquecimento global e também defendeu a redução das desigualdades e uma reforma no sistema financeiro internacional.
O principal objetivo de Lula na reunião de líderes foi destacar questões de interesse das nações em desenvolvimento, incluindo o aumento de sua participação no Conselho de Segurança da ONU.
Com informações de O Globo.
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Foto: Agência Brasil
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