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Fome no Brasil tem cor e gênero: famílias de mulheres negras são as mais atingidas

Fome no Brasil tem cor e gênero: famílias de mulheres negras são as mais atingidas

Geral por RED
26/06/2023 11:30
Fome no Brasil tem cor e gênero: famílias de mulheres negras são as mais atingidas

Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar (IA) no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (II Vigisan), divulgados nesta segunda-feira, 26, trazem detalhes sobre a fome que impacta 33,1 milhões de pessoas no país.

Os números mostram que o problema é maior entre aqueles que se enquadram em determinados recortes de raça e gênero, atingindo um quinto das famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas e pretas no Brasil (20,6%). Isso significa que um em cada cinco grupos familiares desse conjunto vivia cotidianamente sem acesso a alimentação de qualidade, com incertezas sobre a garantia das refeições diárias e até mesmo totalmente sem alimentos à mesa.  Esse percentual é duas vezes maior quando comparado ao de famílias comandadas por pessoas brancas (10,6%).

Os lares chefiados por mulheres negras representam 22% dos que sofrem com a fome, quase o dobro em relação aos liderados por mulheres brancas (13,5%).

“Se considerarmos as formas mais severas da IA juntas, ou seja, a IA moderada + grave, encontramos que 4 em cada 10 lares chefiados por mulheres negras apresentavam privação de acesso aos alimentos e, em dois destes, seus moradores se encontravam em situação de fome”, diz o estudo.

A divulgação mostra também que quem tinha menor escolaridade, atuava no trabalho informal ou não tinha emprego corria mais riscos de conviver com a fome. Nas famílias chefiadas por pessoas com carteira assinada, autônomas e com renda familiar mensal superior a 1 salário-mínimo, a segurança alimentar esteve presente em 80% dos lares autodeclarados brancos e em 73% dos negros.

O Vigisan é realizado pela Rede Penssan. Ele leva em conta dados registrados pelo Instituto Vox Populi, com apoio da Ação da Cidadania, ActionAidFord Foundation, Fundação Friedrich Ebert Brasil, Ibirapitanga, Oxfam Brasil e Sesc São Paulo.

Em dados gerais divulgados anteriormente, o estudo mostrou que quatro entre 10 famílias tinham acesso pleno a alimentos, ou seja, em condição de segurança alimentar. Por outro lado, 125,2 milhões estavam na condição de insegurança alimentar – leve, moderada ou grave. Os níveis foram medidos pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), também usada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

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