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Eleitor gosta de um candidato fuleiro
Eleitor gosta de um candidato fuleiro
Por EDELBERTO BEHS*
Em novembro de 1977, depois de encontro de meia hora com o ministro da Justiça, Armando Falcão, no período da ditadura, quando Pelé pediu a liberação de um filme em que ele atuaria, o rei do futebol concedeu entrevista à saída do encontro e teria dito, segundo o Jornal do Brasil, que o brasileiro não sabia votar.
Em matéria para a Folha de S. Paulo, o historiador e jornalista Paulo Cesar de Araújo garante que Pelé nunca disse tal frase. Ele teria declarado, segundo outros jornais da época, que o povo “devia se interessar mais por política, pois só assim as coisas vão melhorar”, e que “o eleitor vota por amizade, não por ter no candidato um grande político ou administrador”.
Analisando a ascensão de um deputado do baixo clero à presidência da República, afora um rol de deputados e senadores que envergonham o Parlamento, talvez Pelé tivesse razão, se proferido que brasileiro não sabe votar. O que acontece no pleito à prefeitura de São Paulo reforça essa hipótese de que brasileiro gosta de um despreparado, mentiroso, mal-educado, tosco, exercendo o poder. Vejam a trajetória do desbocado do Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito: ele subiu quase cinco pontos percentuais nos últimos dias, depois dos impropérios que ando dizendo em debate.
O Ministério Público Eleitoral entrou, na segunda-feira, 19, com pedido de suspensão do registro da candidatura de Marçal à prefeitura paulistana. A ação pede uma investigação contra o empresário por abuso de poder econômico! Não se trata de abertura de inquérito por dizer bandalheiras, acusar, sem provas e sem citar nomes, dois outros candidatos de usarem cocaína e vir com outros despistes, citando inclusive a ex-presidente Dilma Rousseff para fugir de pergunta.
Ele quer ser prefeito de “uma cidade de merda”, que pouco conhece a metrópole, tanto assim que acha que Operação Água Branca, um projeto urbano na zona norte e oeste da capital, é coisa de bandido. E isso dito na frente das câmeras de televisão em debate público! Também foi desmascarado por Tabata Amaral por ter sido condenado por formação de quadrilha e fraudes bancárias. Prometeu deixar o pleito se isso fosse provado.
Ele respondeu que não há condenação sobre o caso e imediatamente Boulos anunciou que está colocando na sua rede social o conteúdo da condenação de Marçal. O candidato “bem-preparado em sacanagens” foi desmascarado, mas isso altera alguma coisa na urna? Até o clã da famiglia tem se debatido com Marçal. Ou seja, Bolsonaro experimentando o seu próprio veneno.
Marçal, que tinha 11,4% das intenções de voto, na pesquisa do dia 8 de agosto, subiu para 16,3%! A essas alturas, Marçal ocupa, segundo pesquisa, a terceira colocação na disputa paulistana. Berrando mais algumas idiotices e barbaridades, quem sabe não chegue, ainda, ao segundo turno do pleito!
*Edelberto Behs é Jornalista, Coordenador do Curso de Jornalismo da Unisinos durante o período de 2003 a 2020. Foi editor assistente de Geral no Diário do Sul, de Porto Alegre, assessor de imprensa da IECLB, assessor de imprensa do Consulado Geral da República Federal da Alemanha, em Porto Alegre, e editor do serviço em português da Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).
Foto da capa: O coach e ex-presidenciável Pablo Marçal (Pros) durante expedição a montanha em Piquete (SP) (Reprodução/Reprodução).
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