Curtas
Documentos mostram que Sérgio Moro determinou gravação de autoridades com foro
Documentos mostram que Sérgio Moro determinou gravação de autoridades com foro
Documentos em posse do Supremo Tribunal Federal (STF) mostram que o ex-juiz e hoje senador Sérgio Moro (União-PR) determinou por escrito a gravação escondida de autoridades com foro de prerrogativa de função. O ex-deputado Tony Garcia, que assinou acordo de delação premiada com Sérgio Moro, seria o responsável por gravar as conversas.
No despacho, o ex-juiz escreve: “Considerando os termos do acordo, reputa este juízo conveniente tentativas de reuniões, com escuta ambiental, com Roberto Bertholdo, Michel Saliba e novamente com Heinz, visto que as gravações, até o momento, são insatisfatórias para os fins pretendidos”.
E completa: “Talvez fosse o caso de tentar reunião entre o acusado e Janene [José Janene, deputado federal] (…) poderia haver tentativa de contato com todas essas pessoas, que poderiam esclarecer fatos pertinentes à investigação. É oportuno que os diálogos sejam orientados por MPF e PF.”
Um outro documento, que é um relatório de inteligência da Polícia Federal (PF) e que também está anexado no processo no STF, comprova que o então presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), Heinz Herwig, foi grampeado pelo ex-deputado Tony Garcia.
O grampo seria de um conversa ocorrida no dia 3 de fevereiro de 2005, entre 11h55 e 12h32. A conversa aconteceu no escritório do ex-deputado que estava sendo monitorado, sem saber, por um agente da PF infiltrado a mando do ex-juiz Moro.
Até a revelação dos conteúdos destes documentos pela jornalista Daniela Lima, Sérgio Moro sempre negou que tivesse determinado a gravação de qualquer pessoa durante o acordo de delação premiada do ex-deputado Tony Garcia.
Quem são os alvos das gravações?
Roberto Bertholdo é um advogado que teria supostamente gravado Sérgio Moro escondido. Ele já atuou como advogado de Tony Garcia e foi detido, em 2006, por subornar um ministro do STJ. A prisão foi decretada por Moro.
Michel Saliba também advogado e foi preso injustamente, em meados dos anos 2000, durante a Operação Big Brother, a mando do ex-juiz. Saliba advogou no processo de cassação de Deltan Dallagnol em nome do Partido da Mobilização Nacional (PMN).
Heinz Herwig era o então presidente do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR). Ele só poderia ser investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por ter foro de prerrogativa de função. A primeira instância, a qual Moro pertencia, não era autorizada a investigar.
José Janene atuou como deputado federal pelo PP-PR e faleceu em 2010. Esteve envolvido nos escândalos do Mensalão e do Petrolão. O nome do ex-deputado foi citado por diversos investigados durante a Operação Lava Jato anos depois de sua morte.
Foto: Pedro França/Agência Senado.
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