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Opinião

Desafios da Democracia Contemporânea: Reflexões sobre a Consolidação da Extrema Direita

Desafios da Democracia Contemporânea: Reflexões sobre a Consolidação da Extrema Direita

Artigo por RED
23/08/2023 05:25 • Atualizado em 25/08/2023 10:13
Desafios da Democracia Contemporânea: Reflexões sobre a Consolidação da Extrema Direita

De ALEXANDRE CRUZ*

A consolidação da extrema direita em diferentes partes do mundo é um fenômeno complexo, sujeito à influência de diversos fatores políticos, psicológicos, sociais e culturais. A ausência de um projeto político claro e convincente pela parte da direita liberal e da esquerda, certamente, pode ser um fator que contribui para o crescimento dos ultras em certos contextos. Quando os partidos tradicionais não conseguem apresentar propostas que atendam às necessidades e aspirações da população, abre-se um espaço político que os movimentos extremistas podem explorar. A falta de clareza nos projetos também pode enfraquecer a capacidade dos partidos de articular uma visão de futuro e mobilizar o eleitorado. Esse vazio permite que os movimentos populistas e extremistas mantenham uma retórica simples e de fácil compreensão, que ressoa com os eleitores insatisfeitos

Javier Milei, o candidato que emergiu nas primárias da Argentina, capitalizou esse desgaste dos partidos tradicionais. A abordagem da direita liberal, pautada em políticas de austeridade, privatização e um Estado mínimo, resultou em um empobrecimento significativo da população, uma realidade que o peronismo tentou reverter na atuação da gestão de Alberto Fernandez. Esse comportamento político não se limita ao cenário argentino, sendo reproduzido em diversos países da América Latina e Europa. Quando a esquerda assume o governo, muitas vezes não consegue romper com a política econômica promovida pelos liberais. Ainda que ocorra claros direcionamentos no âmbito da política social, enfrenta-se dificuldade na formulação de alternativas viáveis à abordagem econômica liberal. É válido citar o arcabouço fiscal do governo Lula como exemplo. Não é uma crítica e sim uma constatação.

No entanto, para o campo progressista, resta a responsabilidade de defender incansavelmente a democracia perante os arroubos dos extremistas. Estes buscam, como objetivo, a instauração de um estado autoritário, além de promover retrocessos nos valores sociais. Agravam, ainda mais, o deterioro da situação econômica da classe trabalhadora ao restringir os direitos sociais e trabalhistas.

O desafio para os defensores da democracia e dos valores progressistas é abraçar essa complexidade e buscar soluções que estejam conectadas com a classe trabalhadora, capazes de atender às demandas da população e, ao mesmo tempo, preservar os princípios fundamentais da igualdade, justiça e respeito pelos direitos humanos.


*Jornalista.

Imagem em Pixabay.

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