Sem Tags
‘Deep fake’, nova técnica para espalhar mentiras nas eleições, foi assunto esta semana
‘Deep fake’, nova técnica para espalhar mentiras nas eleições, foi assunto esta semana

Uso de inteligência artificial e equipamentos sofisticados é utilizado para distorcer falas e sons de vídeos.
A campanha do presidente Jair Bolsonaro foi marcada pela desinformação e disseminação em massa de fake news em 2018. Agora, os apoiadores do candidato à reeleição sofisticam ainda mais o trabalho. Isso porque Bolsonaro acrescentou ao seu currículo de deputado inoperante quase quatro anos de um governo desastroso. Desse modo, as mentiras passam a ganhar o reforço da técnica do deep fake
Esta semana foi marcada pelo primeiro deep fake observável. O assuntou figurou durante toda esta sexta-feira (19) entre os mais comentados das redes sociais. Até agora, boa parte das fake news mostravam características até amadoras, facilmente identificáveis. Contudo, agora é diferente. Através de inteligência artificial, utiliza-se a imagem de uma pessoa famosa, por exemplo, e emula-se a voz, distorcendo o conteúdo das falas originais.
A deep fake bolsonarista que rodou os grupos de WhattsApp e Telegram teve a imagem da jornalista Renata Vasconcelos, apresentadora do Jornal Nacional, da Rede Globo. No vídeo, ela aparece afirmando que a pesquisa Ipec divulgada nesta semana apontava liderança de Bolsonaro nas intenções de voto ao Planalto, ultrapassando Lula. A realidade é oposta. O levantamento mostra Lula com larga vantagem, como também demonstraram as pesquisas Genial/Quaest e Datafolha.
Desequilíbrio
A deep fake representa um perigo novo. A técnica nasceu na indústria pornográfica e atualmente se populariza nas redes. A fundadora da Agência Lupa, especializada em checar a veracidade de conteúdos que circulam na internet, Cristina Tardáguila, alerta para o que o cidadão deve fazer ao receber algo do tipo. “Não compartilhar. Denunciar via plataformas (cada uma tem um caminho). Denunciar junto no TSE (Clique aqui para acessar o sistema de alerta do tribunal). Eu já fiz todos esse passos e também já alertei as assessorias de Youtube, Twitter e Whatsapp”, explica.
A Rede Globo, que encomendou a pesquisa original e viu seu principal telejornal ser adulterado, afirmou em nota que notificou o Ipec e fez a denúncia junto ao Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições do TSE e também ao Ministério Público Eleitoral (MPE).
Histórico
Nos últimos meses, Bolsonaro endureceu sua narrativa golpista e os ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Especialistas temem que se repitam episódios como vistos no Capitólio, nos EUA, quando o republicano Donald Trump perdeu as eleições. Assim como Bolsonaro, o ex-presidente daquele país, também de extrema direita, fez ataques sem fundamento ao sistema eleitoral norte-americano – antes e depois do resultado –, como forma de justificar sua derrota, incitando violência e invasão ao prédio do Congresso. À época, em 2020, apoiadores de Trump também apostaram nas deep fakes.
Por exemplo, um vídeo alterado da líder dos Democratas, a congressista Nancy Pelosi, a mostrava supostamente bêbada em uma entrevista. Foram milhares de compartilhamentos. Em 2018, nas eleições mexicanas, a direita também apostou nas deep fakes contra o atual presidente, o esquerdista Manuel Lopez Obrador. A técnica foi a mesma: um vídeo manipulado mostrava o socialista alcoolizado, em um falso episódio.
Por Rede Brasil atual em Brasil de Fato
Foto Agência Brasil
Notícia publicada originalmente aqui .
Toque novamente para sair.