?>

Destaque

DAR SEGURANÇA ÀS NOSSAS VIDAS

DAR SEGURANÇA ÀS NOSSAS VIDAS

Artigo por RED
01/10/2024 13:27 • Atualizado em 01/10/2024 15:56
DAR SEGURANÇA ÀS NOSSAS VIDAS

 

Por VICENTE RAUBER*

Segurança passou a ter um significado mais amplo. É poder continuar vivendo, de preferência com qualidade de vida.

Exagero? A quantos desastres climáticos ainda sobreviveremos?

No Rio Grande do Sul e especialmente em Porto Alegre, suportaríamos atravessar mais três inundações em 8 meses? Impossível? É melhor não apostar! A natureza está completamente desequilibrada, clama por sua regeneração!

Prevenir é o melhor remédio! É necessário ter responsabilidade e realizar as atividades indispensáveis aos sistemas de drenagem e proteção contra cheias. Diques, comportas, casas de bombas e canalizações requerem manutenção permanente.

Em Porto Alegre isto não é realizado ou, na melhor das hipóteses, não é realizado adequadamente nos últimos 4 anos! Não por acaso temos enormes alagamentos até em chuvas menores como as recentes. É a insuficiente limpeza de bocas-de-lobo, canalizações, galerias e arroios que provoca esta situação e não os insistentes fakes apresentados pela Prefeitura.

É urgente recompor os Sistemas de proteção contra Cheias e de drenagem pluvial.

Nos outros municípios, estes sistemas devem ser completados e colocados nas dimensões adequadas ou mesmo concebidos, projetados e construídos. E mantidos adequadamente.

As águas merecem mais respeito. Sem elas não vivemos. Em nada combinam com lixo. Os resíduos  sólidos precisam ser reusados, reciclados em tudo quanto for possível. Óleo de cozinha usado deve ser separado e retornar à indústria para reprocessamento. Erva mate e cafés usados são adubos para hortas, jardinagens e agricultura. E o restante dos resíduos sólidos deve ser usado para compostagem de adubos ou tratado adequadamente em aterros sanitários com aproveitamento da gás metano gerado.

Arroio não é Valão. Os municípios precisam e devem praticar permanentemente programas de educação ambiental nas comunidades e escolas.

É necessário preparar bem melhor nossas cidades para os distúrbios climáticos.

Mas não podemos aceitar esta situação como “novo normal”. Precisamos urgentemente construir um novo normal sustentável.

Precisamos reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa – GEEs -, responséveis pelo sobreaquecimento global.

Especialmente nos Estados e na União é necessário reduzir e, até tentar eliminar, as queimadas, derrubadas de florestas e destruição dos biomas, criminosas em grande parte. No Brasil são responsáveis por mais de 45% de toda a geração de GEEs. Em segundo lugar vem a agricultura e a pecuária, especialmente os seus equivocados métodos utilizados, caros, pouco produtivos e destruidores dos solos, que respondem por 25% dos GEEs. Devem ser substituídos pela ABC – Agricultura de Baixo Carbono -, aprovada em 2009, em Copenhague, na COP-15, com participação do Brasil. É possível produzir mais e melhor, com menos custos e sem destruir a qualidade dos solos.

Em nosso Estado é necessário recompor a legislação ambiental, indevidamente atacada. Os essenciais Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas precisam imediatamente ter condições de funcionamento para o cumprimento de suas finalidades.

E, assim como o Nordeste brasileiro pode nos ensinar, devemos investir fortemente na reservação de águas, para o enfrentamento de nossas secas anuais e desenvolvimento das regiões.

É nos municípios, onde a vida acontece, que podemos realizar grandes transformações.

Obviamente continuam válidas as observações sobre enfrentamento da destruição dos biomas e o modo de produção do setor primário.

Nos grandes centros urbanizados, como Porto Alegre, dois terços dos GEEs são produzidos pelos combustíveis fósseis, especialmente gasolina e diesel através do transporte. É preciso racionalizá-lo mais e valorizar profundamente a introdução de veículos elétricos em todas as modalidades. Teremos grande redução dos GEEs e praticamente redução total da poluição de gases venenosos e ruídos. A saúde e o meio ambiente agradecerão. Será uma das grandes conquistas de nossa época.

Saneamento e meio ambiente podem fazer a grande diferença no meio urbano.

Representam um excepcional investimento: Cada Real aplicado em água potável, coleta e tratamento de esgotos, coleta, reuso, reciclagem e tratamento de lixos, drenagem pluvial e proteção contra cheias poupa três Reais em sáude, além de propiciar desenvolvimento, postos de trabalho e renda e grande qualidade de vida.

Nas cidades devem ser valorizadas ações integrantes do conceito de “cidades esponja”, que são a retenção das águas excedentes nas chuvas maiores. Já no inicio dos anos 90 iniciamos a implantação de bacias de amortecimento, locais onde são direcionadas as águas excedentes, podendo ser utilizadas em lavagens ou liberadas no sistema de drenagem posteriormente.

Acrescentamos mais alguns aspectos essenciais do meio ambiente. Muito mais áreas verdes devem ser obtidas: (i) com a efetivação de praças e jardins já definidos no Plano Diretor como áreas verdes; (ii) nas áreas de risco, que devem ser reassentadas em locais seguros através de programas sociais permanentes de habitação; (iii) nas beiras de arroios e outras águas, recompondo a vegetação ciliar; (iv) ao longo das vias públicas, principalmente grandes avenidas; (v) nunca permitindo terras nuas, sejam públicas ou privadas. Devem ser incentivados, nos bairros, programas comunitários de efetivação das calçadas intercalando vegetação e lajes. (vi) No meio rural, em meio às plantações e campos da pecuária.

As ações de saneamento e meio-ambiente reduzem fortemente a geração dos GEEs e são extraordinárias na captação dos GEEs, não permitindo a sua chegada à camada de Ozônio. Em dias ensolarados de verão, a diferença de temperatura junto ao asfalto e em parques como a Redenção chega a 10ºC.

No caso, vale a pena estudar o caso de Medellin (Colômbia), ex-capital do tráfico, hoje referência internacional com a melhoria de seu clima e qualidade de vida, com seus mais de trinta corredores verdes.

E o que cabe a nós cidadãos neste momento: analisar quais candidatos(as) tiveram e tem compromisso público com estas mudanças e elegê-los(as). Em Porto Alegre, entendemos que Maria do Rosário e Tamyres melhor representam esses compromissos.

Podemos rapidamente construir cidades menos caras e com a segurança e qualidade de vida que merecemos.

O Planeta agradecerá!

*Engenheiro especialista em Planejamento Energético e Ambiental e ex-diretor do DEP (Departamento de Esgotos Pluviais), DEMHAB (Departamento Municipal de Habitação), CEEE, Petrobras/Refap e Banrisul

Foto: Porto Alegre (RS), 19/06/2024 – Casas destruídas na ilha da Picada após chuvas e novos alagamentos. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaoportalred@gmail.com . Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

 

 

 

Toque novamente para sair.