?>

Opinião

Aquecimento global, uma questão de sobrevivência

Aquecimento global, uma questão de sobrevivência

Artigo por RED
14/09/2023 05:30 • Atualizado em 15/09/2023 23:36
Aquecimento global, uma questão de sobrevivência

De SERGIO ARAUJO*

O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo.

Trecho da carta enviada em 1855 ao presidente dos EUA, Francis Pierce pelo cacique Seatle, da tribo Suquamish.

Tragédias climáticas, como as que se tem observado por todo o planeta,  possuem como motivação para o seu agravo e alastramento a mão humana. Desde a revolução industrial até o desenvolvimento tecnológico, o que se observa é um desleixo para com o planeta como um todo, ferindo de morte seres humanos, fauna e flora. Entretanto, apesar dos alertas dados pela natureza muito pouco tem sido feito para evitar a extinção da vida na Terra. O que se vê é o predomínio do negacionismo, do descaso, da negligência e da ganância econômica.

O especialista em clima da Universidade de Tohoku (Japão), Kunio Kaiho, autor do estudo A relação entre a magnitude de extinção e a mudança climática durante grandes crises entre animais marinhos e terrestres, que teve como base as outras cinco extinções que já ocorreram na Terra, afirma que há uma relação linear entre a biodiversidade do planeta e a temperatura da superfície terrestre, onde grandes desvios podem causar a extinção em massa de diversas espécies, dentre elas a humana.

O estudo não deixa dúvidas de que o fator preponderante do possível extermínio desta civilização será o aquecimento global. E prevê inclusive uma possível data para a dizimação total, caso não sejam adotadas urgentemente medidas estruturantes para estancar o desastre térmico em curso. Será por volta do ano de 2.500. Nesse período, segundo o estudo, a temperatura terrestre deverá atingir um acréscimo térmico da ordem de 5,2ºC, podendo chegar até a 9º.

Mas que não se animem os otimistas e os céticos, que desdenham do ainda longínquo dia D. Já existem evidências de que a biodiversidade do planeta está em franco declínio, com muitas espécies de animais e plantas já extintos ou em processo de extinção. Ou seja, já estamos no purgatório climático e cada vez mais próximo do inferno que se avizinha. Exagero? Claro que não, que o digam as famílias enlutadas pelas tragédias climáticas cada vez mais frequentes, intensas e destrutivas.

Como evitar o desenlace previsível? Esta é a grande questão e o grande desafio desta e das futuras gerações. Muitos são os estudos em andamento sobre o tema, mas com certeza a grande transformação necessária começa por reconhecer a gravidade do momento. Agora, imediatamente, e não apenas quando as calamidades climáticas se processam, mas, concomitantemente, priorizar a busca de soluções para suplantar as ações de prevenção que deixaram de ser adotadas.

Trata-se de um esforço global e abrangente onde todos, indistintamente, precisam tomar parte: governantes, cientistas, legisladores, empresários, imprensa e a sociedade como um todo. E a mensagem tem que ser única: é preciso, por uma questão de sobrevivência, frear o aumento da temperatura da Terra.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina da Silva, respeitada internacionalmente como especialista em assuntos ambientais, afirmou recentemente que “somente com a mudança dos modelos econômicos, das saídas tecnológicas costumeiramente usadas e dos regramentos legais comprovadamente insuficientes para lidar com a emergência climática como um fenômeno permanente e não sazonal, nas áreas tecnicamente diagnosticadas como suscetíveis a eventos extremos, é que iremos enfrentar com mais chances de sucesso a nova realidade climática que causa essas recorrentes e dolorosas perdas e sofrimentos”.

Décadas seguidas de resistência em mudar o modelo de desenvolvimento, baseado em combustíveis fósseis e uso predatório da terra, nos trouxeram a essa situação. De que irá valer todo o acúmulo monetário almejado se o sofrimento e a dor irão atingir a todos, indistintamente? Conscientização, mobilização e transformação. Eis aí o caminho para evitar um final indesejável.


*Jornalista, especializado em marketing político.

Imagem em Pixabay.

Os artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da RED. Se você concorda ou tem um ponto de vista diferente, mande seu texto para redacaositered@gmail.com. Ele poderá ser publicado se atender aos critérios de defesa da democracia.

Toque novamente para sair.