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A Folha segue a pauta dos bandidos
A Folha segue a pauta dos bandidos
Por Moisés Mendes*
A Folha surpreendeu e não veio com nada no fim de semana da série de ataques a Alexandre de Moraes. É possível que tenha recuado diante do aumento de indícios de que o ex-perito do TSE Eduardo Tagliaferro teria vazado os arquivos usados contra o ministro.
A Folha pode estar poupando o informante, aguardando os desdobramentos das suspeitas de que ele permitiu a devassa pelo jornal das conversas entte assessores de Moraes no STF, incluindo o próprio perito.
Vai em frente ou recua? É a dúvida que deve estar atormentando a Folha. Depois dessa pausa, poderemos ter novidades, dependendo do que a força-tarefa da redação vai encontrando nos arquivos.
E qual seria a questão ética envolvida no fato de que Tagliaferro pode ter passado os conteúdos do próprio celular para que a Folha atacasse Moraes, na acusação fajuta do não cumprimento de ritos?
Vamos por partes. Jornalista também obtém informação de bandidos sobre bandidos. E tem o direito de proteger a fonte. Esse é o primeiro e mais importante detalhe. A questão criminal, já sob investigação determinada por Moraes, é outra história.
O certo é que informações relevantes chegam por vias tortas e por tortos personagens ao jornalismo, como chegam à polícia e ao Ministério Público e ao Judiciário.
Agora vem o que nem sempre é muito claro. Bandido que delata bandido, e isso é previsto em lei, pode ter participação decisiva na formação de provas para esclarecimento de crimes.
Tem mais essa: já aconteceu muitas vezes de o bandido passar para a imprensa provas obtidas de forma ilegal. O argumento é sempre favorável à divulgação das informações, com o pretexto de que isso expõe crimes e identifica criminosos e é de interesse público.
E chegamos então ao caso das mensagens trocadas entre servidores do STF e do TSE e vazadas para a Gangue do Santo Rito, da Folha, liderada por Glenn Greenwald e Fabio Serapião.
Não há ainda provas de que Tagliaferro passou as mensagens. E o ex-servidor do TSE não pode ser definido como criminoso, até porque o que existe de concreto contra ele até agora é a acusação de uma agressão contra a própria mulher.
Onde então estaria o problema? O problema pode ser identificado por estudante do primeiro ano de jornalismo. Os conteúdos vazados por Tagliaferro ou pela polícia de Tarcísio de Freitas têm um objetivo: desqualificar o trabalho de um ministro do Supremo, para beneficiar bandidos.
Esse é o resumo. Vazaram as informações, não para pegar os bandidos das milícias digitais e o entorno e o núcleo golpista do bolsonarismo, mas para desqualificar Moraes e beneficiar os bandidos.
Os bandidos são os interessados no vazamento. É tudo ona direção contrária do manual básico de quem se propõe a usar o jornalismo para esclarecer alguma coisa em nome da lei.
Sim, alguns dizem que qualquer informação, inclusive essa do não cumprimento dos ritos, deve ser tornada pública. Mas não é essa a questão essencial.
A Folha e a Gangue do Santo Rito explicitam, desde a primeira manchete, no dia 13 de agosto, que o objetivo é anular partes do inquérito das fake news. Quais partes?
A Folha provoca o vazamento, toca o apito para os cachorros, passa a investir na ideia da “nulidade” (essa é a palavra usada) do inquérito e fomenta a nova campanha pelo impeachment de Moraes.
A Folha joga descaradamente com os bandidos, em nome de ritos que, segundo juristas, inclusive alguns alinhados com a direita, não existem.
A Folha favorece os bandidos e toca adiante as pautas da bandidagem. Isso é o certo. É inquestionável que os favorecidos são os milicianos de Bolsonaro e, se o inquérito for anulado, todos os chefes deles, ou seja, o núcleo do golpe.
Só resta esclarecer se, além de ser pautada pelos bandidos, em nome das liberdades absolutas, a Folha agiu em conluio com eles no esquema dos vazamentos. Não é uma dúvida qualquer.
E para encerrar vem a história da Vazajato, para mais uma vez tentarem criar falsas equivalências entre aquele e esse caso do Greenwald. Mas aí a conversa descamba para a idiotia, porque não há equivalências.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)
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