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Politica por RED
02/11/2024 18:00 • Atualizado em 02/11/2024 20:48
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Por Gusttavo Arossi*

Não é nada comum iniciar um texto de opinião com o título como está posto. É um número altamente importante para a nossa reflexão política como resultado nas últimas eleições municipais da capital gaúcha, Porto Alegre. Votos brancos e nulos. No primeiro e no segundo turno. Para ser mais preciso: em 7 de outubro tivemos 56391 dentre brancos e nulos. Já no último dia 27, 54060 eleitores foram até a urna eletrônica e optaram pelo direito de não votar e ou anular!

Em tempo, fico pensando, divagando. No cômputo geral, 110451 saíram do conforto de seu lar para manifestar seu descontentamento com os candidatos postos para a escolha. Para mim o número é altamente significativo e merece uma apreciação. Em conversa com o renomado cientista político Benedito Tadeu César ele reiterou e ratificou que tal resultado é sinônimo do descontentamento e a não aceitação de quem pôs seu nome para que pudéssemos usufruir do importante direito adquirido do sufrágio universal. Strictu sensu, significa que temos direito de todos os cidadãos adultos de votarem e seres votados. A rigor, todos os Estados estabelecem exigências constitucionais para o exercício da cidadania política, como idade mínima e alistamento militar.

Todavia, a pergunta que anda me deixando atarantado é: como explicar e entender o porquê de eleitores saírem de seus lares e todo um ritual que segue desde tomar transporte coletivo, carro por aplicativo, automóvel próprio e tantas outras maneiras e por vezes ficar minutos ou até horas fila para aceder à urna eletrônica. Claro está que são pessoas descontes. Ponto final. Entretanto, um questionamento me vem à mente: por que os mesmos descontentes não se colocam à disposição não apenas no debate político mas passem a fazer parte de uma agremiação ideológica e façam o exercício que o bom e velho Aristóteles já apontava… o homem é um animal político por excelência “zoon politikon”. Importa destacar que o Estagirita pressupunha também a qualidade de “participar” da política.

Penso que há um campo aberto para os partidos políticos pararem para uma reflexão mais do que necessária. E, vou mais adiante. Creio que as próprias instituições reguladoras dos pleitos eleitorais também deveriam levar em conta o devido fato. Creio que, assim como eu e talvez muitas pessoas, é preciso sair da nossa zona de conforto e começarmos a realmente atentar para o valor da democracia. Parece-me que nunca antes da história a “Caverna de Platão” faz sentido! Para não passar despercebido e desapercebido: o que eu estou fazendo para a inversão da lógica que até nos guiou?

Por derradeiro, lembrem-se que cento e dez mil quatrocentos e cinquenta e uma pessoas votaram!

 

*Mestre em Filosofia pela PUCRS e professor de Filosofia

Foto: TRE/SC

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