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STF derruba prisão especial para quem tem ensino superior
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Quem tem ensino superior não terá mais acesso a prisão especial de acordo com a decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento da ação foi encerrado na noite de sexta-feira, 31. A ação foi protocolada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2015, questionando o benefício previsto no artigo 295, inciso VII, do Código de Processo Penal (PPP). A legislação indica que presos e presas que possuem ensino superior tem direito a uma cela especial no sistema penitenciário. De acordo com a PGR, a distinção entre os apenados contribui para perpetuação das desigualdades na justiça. Os ministros acompanham o relator, ministro Alexandre de Moraes, que entendeu que não há justificativas para que o grau de instrução seja usado para dar tratamento especial. “Apenas o fato de a cela em separado não estar superlotada já acarreta melhores condições de recolhimento aos beneficiários desse direito, quando comparadas aos espaços atribuídos à população carcerária no geral – que consiste em um problema gravíssimo em nosso país, podendo extrapolar em até quatro vezes o número de vagas disponíveis”, explicou o ministro. Moraes lembrou que a diferenciação entre os apenados ocorrem em situações específicas para garantir a integridade física e moral. Natureza do delito, idade, gênero, prisão provisório e prisão definitiva são exemplos de separação seguidos pela justiça. Com a decisão, as pessoas que possuem ensino superior e estão em celas especiais deverão ser encaminhadas para as celas comuns. A exceção são para os casos citados acima para manutenção da integridade do apenado ou apenada. Com informações da Agência Brasil, Supremo Tribunal Federal e UOL. Foto: Nelson Jr./SCO/STF Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

Internacional

Viagem de Lula à China é confirmada para 11 de abril
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Presidente teve que adiar visita após diagnóstico de pneumonia leve O Palácio do Planalto confirmou para 11 de abril a visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. A ida de Lula, que deveria ter ocorrido essa semana, foi suspensa depois do diagnóstico de uma pneumonia leve. Por causa disso, o presidente permaneceu em repouso no Palácio da Alvorada, residência oficial, ao longo dos últimos dias. Em uma postagem nas redes sociais, na noite desta sexta-feira (31), Lula se disse "plenamente recuperado" e prometeu retomar a agenda de trabalho no Palácio do Planalto, na próxima semana. "Sexta-feira de home office com o amigo Geraldo Alckmin. Trabalhando no Alvorado, plenamente recuperado. Na próxima semana estarei de volta ao Planalto". [embed]https://twitter.com/LulaOficial/status/1641921384921038850?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1641921384921038850%7Ctwgr%5E6c52ddbe44365aa7e59c462171005c214c4aba40%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fagenciabrasil.ebc.com.br%2Fpolitica%2Fnoticia%2F2023-03%2Fviagem-de-lula-china-e-confirmada-para-11-de-abril[/embed] Os detalhes da visita ainda deverão ser informados pelo governo, mas o presidente deve seguir um roteiro similar ao que já estava previsto, tendo como principais eventos diplomáticos reuniões com o presidente chinês, Xi Jinping, com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, e com o presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji. Esses encontros ocorrerão em Pequim, capital do país asiático. Ele também deve cumprir agendas em Xangai, um dos principais centros econômicos do país. Será a primeira viagem de Lula a um país asiático após assumir seu terceiro mandato. Mas a viagem à China é a terceira internacional depois da posse no cargo: o presidente já foi à Argentina e aos Estados Unidos. A previsão do Ministério das Relações Exteriores é que pelo menos 20 acordos comerciais sejam assinados durante a visita. Ainda em abril, Lula deverá ir a Portugal. Já em maio, o presidente participa como convidado especial da Cúpula do G7, no Japão. O grupo reúne sete das maiores economias do planeta. Matéria publicada originalmente Agência Brasil. Foto: Ricardo Stuckert/PR Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.


Politica

Áudios secretos do STM revelam novos casos de tortura na ditadura

Politica

Áudios secretos do STM revelam novos casos de tortura na ditadura
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Ministros ignoraram denúncia de violência sexual contra presa política Áudio inédito de uma sessão secreta do Supremo Tribunal Militar (STM) em 1977, obtido antecipadamente pela Agência Brasil, revela que o ministro Rodrigo Octávio diz ter testemunhado um caso de violência em uma unidade do Exército. Os demais membros da Corte negligenciam o assunto e decidem não apurar essa e outras denúncias semelhantes. A gravação está no acervo do site Vozes Humanas, lançado nesta sexta-feira (31), no Rio de Janeiro, pelo advogado e pesquisador Fernando Fernandes. Nele, podem ser encontrados arquivos de julgamentos de presos políticos no STM no período entre 1975 e 1979. Tanto os abertos ao público geral, como os secretos, quando só ministros e o Ministério Público participavam. O caso em destaque é o julgamento da apelação 41.336 (RJ) no dia 2 de março de 1977. Oito estudantes foram acusados em 1974 de integrar o Partido Comunista Brasileiro, lançado à clandestinidade pela ditadura. Eles foram absolvidos em primeira instância em 1976, mas o Ministério Público Militar entrou com recurso contra a decisão. Desde o Ato Institucional Número 2, civis podiam ser processados por crimes políticos na justiça militar. Os réus foram novamente absolvidos em uma votação apertada de 5 a 4 no STM. Mas o que chama a atenção nas conversas entre os ministros é o debate sobre a existência de tortura em instituições militares. Os réus declararam ter sido obrigados, mediante tortura, a confessar participação em atos ilegais. O ministro Rodrigo Octávio, general do Exército, defendeu a apuração das denúncias. Os abusos relatados pelas vítimas incluíam choques elétricos, agressões físicas e psicológicas, e um relato específico de violência sexual da estudante Selma Martins de Oliveira e Silva. Um dos ministros tenta minimizar o fato com um eufemismo recorrente nos julgamentos do STM. Ministro Augusto Fragoso: Não há problema em tortura, fala em coação, não é? Não é? Em coação? Ministro Rodrigo Octávio: Falou (...) violência sexual. Ministro Augusto Fragoso: Através de coação, coação. Um outro ministro, que não pode ser identificado no áudio, ao defender que o Exército não compactuava com esse tipo de prática, foi interrompido por Rodrigo Octávio. Ministro não identificado: “Eu não acredito em tortura na sala de…”. Ministro Rodrigo Octávio: “Bom, eu não posso deixar de acreditar ou não acreditar. Porque eu vi, eu vi uma moça estirada na Aeronáutica, levada para a Polícia do Exército e (...) o Ministro do Exército lá, vendo. O General Cordeiro escreveu uma carta a mim. Cinco folhas. Eu li aqui no Tribunal. Então, isso existe. Isso existe”. Arquivos anteriores Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2017, pesquisadores já tinham acessado um conjunto de áudios das reuniões do STM. Parte do conteúdo foi divulgada pela imprensa. Também ficavam claros nesses arquivos que os ministros militares conheciam e eram coniventes com a tortura. Eles debochavam de histórias de greve de fome em presídios e de documentos recebidos da Anistia Internacional. E, com frequência, tomavam decisões que ignoravam a lei, preferindo seguir interesses pessoais e do regime militar. No julgamento de 1976 do parlamentar Márcio Moreira Alves (MDB), condenado a dois anos e três meses de prisão por discursar contra a ditadura na Câmara dos Deputados, o ministro Sampaio Fernandes defendeu: “se se trata de fazer justiça, mesmo que ela fira a lei, deve-se fazer justiça”. Um outro lote de arquivos sonoros foi publicado em 2022. E novamente estavam registradas falas dos ministros sobre tortura. Conversas de 1977 mostravam preocupação com a repercussão do caso de Nádia Lúcia, uma mulher que sofreu aborto aos três meses de gravidez, depois de ter sido violentada com choques elétricos. Em outro encontro, em 1976, o ministro Júlio de Sá Bierrenbach criticou “os métodos adotados por certos setores policiais de fabricarem indiciados, extraindo-lhes depoimentos perversamente pelos meios mais torpes”. Se o acesso aos áudios é mais recente, boa parte dos processos físicos foram rastreados pelo projeto “Tortura nunca mais”, em 1979. A Lei da Anistia, aprovada nesse mesmo ano, permitia que advogados retirassem processos sobre crimes políticos no STM durante 24 horas. Sob a liderança de Jaime Wright, reverendo da Igreja Presbiteriana americana no Brasil, e Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo de São Paulo, um grupo de advogados, jornalistas, militantes e religiosos reuniu secretamente cópias dos processos que aconteceram entre 1964 e 1979. O projeto deu origem ao livro “Brasil: Nunca Mais”, em 1985. Disputa pelos documentos Responsável pelo site Vozes Humanas, Fernando Fernandes, travou uma longa disputa judicial para ter acesso ao material do STM. Ele é filho do falecido advogado Tristão Fernandes, que defendeu presos políticos durante a ditadura e também chegou a ser detido. Em 1997, ele descobriu a existência das gravações quando fazia uma pesquisa de mestrado. Depois de um breve período de acesso nas próprias instalações da Corte, as atividades foram suspensas e os ministros ameaçaram apagar todos os arquivos, mas foram impedidos por decisão do STF. O mesmo órgão só determinou a liberação do acervo ao público em 2006. Decisão desrespeitada pelo STM, até uma nova ordem da ministra Cármen Lúcia em 2017. Segundo Fernando Fernandes, as gravações estão incompletas, o que indica haver material retido no tribunal. “Quando se comparam as atas de que naquele dia foi julgado determinado caso e se vai até as gravações, aquele caso não está na gravação. Ou quando há o início da gravação anunciando o julgamento do caso, corta o áudio, e depois vai para o resultado. A gente tem certeza que estão faltando os votos, estão faltando os debates. Então, nós direcionamos ao Supremo Tribunal Federal a comprovação de que está faltando esse material. Se é deliberado, o que é provável, ou se foi uma falta de disponibilização do material por falta de percepção, pouco importa. Esse material está lá. E se está lá, nós temos direito de acessar”. Dificuldades históricas O comportamento do STM segue um padrão histórico, segundo Nadine Borges. Ela é doutora em Sociologia e Direito, e já foi membro e presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro entre 2013 e 2015. Por experiência própria, Nadine desconfia de documentos divulgados por instituições militares, que costumam, segundo ela, omitir conteúdos sensíveis. Ela diz que, durante os trabalhos da Comissão da Verdade, a contribuição das Forças Armadas era sempre difícil. Depois de uma visita ao Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro, os membros da comissão foram alertados de uma denúncia no Ministério Público Federal: prontuários do período da ditadura foram escondidos em sacos de lixo dentro de um galpão dias antes da visita. “A gente está falando de dez anos atrás, então imagina a quantidade de acervo que existe de fato. Essa decisão do STM de não divulgar as coisas na integralidade mostra que continua existindo uma seleção daquilo que pode ser conhecido da sociedade brasileira. Nós não vamos ter um regime democrático, não vamos avançar, não vamos ter a Constituição garantida, enquanto perdurar esse comando de esquecimento sobre os nossos corpos, sobre as nossas vidas. Acho que isso é muito sintomático do avanço do fascismo no Brasil e das ideias da extrema direita nos últimos anos”. Procurado pela reportagem para responder às críticas de Nadine e acusações de Fernando, o Superior Tribunal Militar não respondeu. Imagens da ditadura Um dos pesquisadores que receberam os áudios em 2017 foi Carlos Fico, historiador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde aquele ano, ele estuda e publica artigos sobre o tema. Ele enfatiza o valor desses documentos para o trabalho acadêmico e para a veiculação jornalística. Mas é pessimista sobre os impactos que essas gravações têm sobre parte da população brasileira. Para ele, o regime militar vai continuar sendo visto de forma positiva por muitos. Além da construção política e ideológica dessa imagem, há questões de ordem psicológica. “As pessoas, por uma questão de apaziguamento de espíritos, constroem memórias confortáveis que explicam a própria atuação nesse passado traumático ou dos seus pais. No caso brasileiro, a gente tem várias dessas memórias confortáveis. Uma delas é essa, que a ditadura não foi tão ruim. Tem gente até que fala em ‘ditabranda’, que teve um lado bom, porque teve a Transamazônica, a ponte Rio-Niterói, a hidrelétrica de Itaipu. Então, ignoram toda a realidade da desigualdade social, da repressão, o fato de que haveria crescimento econômico mesmo numa democracia porque as condições internacionais favoreciam. Por mais que a gente tente mostrar os fatos, o alcance da história é muito reduzido. Sobretudo em um país onde a educação básica e secundária é tão precária e com um altíssimo grau de analfabetismo funcional”. Já o pesquisador Fernando Fernandes acredita que os registros ajudam a construir uma consciência coletiva de que regimes de exceção não podem voltar a acontecer no país. “Esse projeto deveria ser sobre o passado da ditadura, sobre o passado de tortura, sobre o passado de desaparecimentos políticos ainda não curados, porque não conseguimos achar os corpos. Mas ele acaba sendo um projeto sobre o presente. Sobre os riscos da democracia que acabamos de vivenciar e que ainda existem, como aconteceu no dia oito de janeiro deste ano. E é um projeto sobre o futuro, porque conhecer os abusos e a história é o que nos permite consolidar o regime democrático”. Matéria publicada originalmente pela Agência Brasil. Foto: Reprodução Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

Educação

Ministro da Educação apoia revogação do novo Ensino Médio, diz senadora

Educação

Ministro da Educação apoia revogação do novo Ensino Médio, diz senadora
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De Congresso em Foco Alvo de polêmicas e críticas, o Novo Ensino Médio (NEM) poderá ser revogado pela nova gestão do Ministério da Educação (MEC). Segundo a senadora Teresa Leitão (PT-PE), presidente da subcomissão do Senado que analisa o ensino médio, o ministro Camilo Santana sinalizou que a revogação está nos planos do governo. “Entidades acadêmicas, entidades científicas, movimento estudantil, todo mundo quer a revogação. E felizmente o ministro da Educação está convencido disso. Eu ouvi, recentemente, numa atividade do núcleo de educação do PT, ele dizer que esse ensino médio não pode continuar”, afirmou Teresa em entrevista ao Congresso em Foco. Assista à entrevista com a senadora: [embed]https://youtu.be/hZ1iSNrt4_8[/embed] Segundo a senadora, “havia uma certa desconfiança” em relação ao posicionamento do ministro sobre a revogação do NEM. De acordo com a parlamentar, Camilo Santana agora é “enfático” quanto à necessidade de revogar as novas diretrizes de ensino. “Ele sabe que a revogação passa por uma posição do MEC. O Lula certamente deve ouvi-lo, mas o próprio Lula já disse que quer revogar. Quer um outro ensino médio. Houve esse entendimento e ele se pronunciou muito claramente que é contra esse modelo que está em vigor. Então tem que ter um outro modelo”, destacou a senadora. O Congresso em Foco procurou o ministério para ouvir a manifestação do ministro sobre o assunto, mas não houve retorno até o momento. O texto será atualizado caso haja resposta. Submissão e aumento da desigualdade O NEM foi criado em 2017 pela Lei 13.415. Um dos principais pontos do NEM é a flexibilização do que o estudante aprende na escola, formado por uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) — em que os alunos estudam matérias básicas como Português e Matemática — que é complementada por um itinerário composto por outras disciplinas com ênfases em áreas de linguagem, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. Na avaliação de Teresa Leitão, formada em Pedagogia pela Universidade Católica de Pernambuco, as novas diretrizes de ensino provocaram uma redução no acesso dos alunos às disciplinas que são “indispensáveis para se formar o senso crítico e se construir cidadania”. “Na ciência, no entendimento do mundo, estão as disciplinas que foram justamente diminuídas suas cargas horárias ou substituídas por um processo de conhecimento ali gerado, muito pragmático, superficial, e que não vai colocar o estudante a par e nem pronto para intervir na sociedade”, explica. “Isso, para mim, é um modelo de submissão, não é um modelo de libertação. Não é um modelo para criar dirigentes, é um modelo para criar sempre dirigidos. Porque alguém detém esse conhecimento estruturado para mandar no mundo”, destaca a senadora. A parlamentar destaca o aumento da desigualdade entre alunos dos ensinos público e privado e cita um “estelionato pedagógico” causado pelo NEM.  “Diz-se que o ensino médio tem quatro itinerários informativos para o aluno escolher de acordo com a sua vocação, de acordo com a sua identidade. Só que as escolas não são obrigadas a oferecer os quatro itinerários. Aí termina o aluno indo para uma escola que seja mais conveniente para ele, a que é mais perto da casa, que ele não precisa tomar transporte. Então você distorce aquela escolha por uma situação de conveniência, às vezes, até de sobrevivência”, explica. Revogação e novo modelo de ensino A subcomissão do Senado presidida por Teresa Leitão tem duração de 180 dias e debaterá soluções com o governo federal, estudantes, corpo docente e demais representantes da sociedade civil para construir um substituto para o novo ensino médio. Com os diálogos, a expectativa é de que ainda no primeiro semestre já seja possível apresentar propostas para a confecção de um novo modelo de ensino. Paralelamente, o MEC anunciou uma consulta pública válida por 90 dias para avaliar e reestruturar a política nacional de ensino médio. O ministério retomou a composição original do Fundo Nacional da Educação (FNE), reintegrando as entidades e movimentos populares que foram privados de participar das discussões sobre o NEM. Na avaliação de Teresa Leitão, a revogação do novo ensino médio se faz necessária, pois “pouca coisa vai se aproveitar desse modelo”.  “Não é reformar esse modelo no sentido de retocar, de aperfeiçoar. Não é esse o sentido. É de apresentar um modelo substituto e, para isso, tem que ser debate”, destaca. A senadora reforça que o novo modelo deverá ser elaborado tendo pontos de referência como o Plano Nacional de Educação (PNE), o plano de governo do presidente Lula (PT), o relatório do Grupo de Trabalho (GT) do governo de transição e até mesmo experiências exitosas de outros modelos. “Educação é direito de todos e de todas. Escola é um lugar para afirmar isso, é para construir saberes, para socializar o conhecimento. Então hoje, uma educação pragmatizada demais, daqui a dois meses ela não vale mais. A técnica é importante. O técnico é importante. Mas não esse tecnicismo, esse pragmatismo exacerbado e limitado”, reforça a senadora. Para Teresa, o modelo substituto deverá ser contextualizado com o mundo atual, sem esquecer de valorizar a história e com um olhar para o futuro, algo que ela não acredita ser possível com a organização atual do ensino médio. “Quando você está gastando tempo com isso [pragmatismo], você não está mostrando ao aluno o significado do conhecimento e nem dando identidade e significado a esse conhecimento para a vida do aluno. Com isso, ele vai longe. Um senso crítico, com a compreensão do conhecimento, como o mundo se fez, por que a gente é assim, por que tem divisão de classe, por que tem tais leis, isso aí que é importante para o estudante saber. Dominar as ciências, dominar as tecnologias, conhecer a história da humanidade, saber lidar com códigos, com linguagens, tudo isso é importante para a vida”, concluiu a senadora. Por Caio Matos Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

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O Golpe de 64: artimanhas do imperialismo e equívocos das esquerdas

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O Golpe de 64: artimanhas do imperialismo e equívocos das esquerdas
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De LINCOLN PENNA* Mais um ano se passa do primeiro de abril do golpe que tirou do povo brasileiro a possibilidade de rumar em direção à verdadeira emancipação do país. Ao evocar a grande derrota nacional e popular há de se registrar a presença de duas situações nesse episódio. Refiro-me, num primeiro plano, a da hipotética “cubanização” inaugurada com a ascensão de João Goulart à presidência, argumento forjado pelos golpistas inspirados e instrumentalizados pelo departamento de Estado norte-americano; e a da improvável reação das forças contrárias ao governo. Logo, a rejeição por parte de muitos setores governistas na ocasião e das esquerdas pela possibilidade de haver algum retrocesso político. Tal como hoje também se usava para fins políticos e ideológicos a democracia como um bem a ser preservado contra a “ameaça do comunismo”. O que o anticomunismo mais temia numa eventual revolução, que reproduzisse de alguma forma o que ocorrera em Cuba, era a dissolução da propriedade privada e, consequentemente, a socialização dos meios de produção, terras e propriedades privadas. Era preciso, no entanto, desviar esse foco central e lançar mão de um expediente que pudesse atemorizar os incautos cidadãos. Daí, a associação do socialismo/comunismo à ditadura. Por outro lado, o crescimento da pauta reformista de Jango empoderava as forças de esquerda à época representadas fundamentalmente pelos comunistas e suas lideranças sindicais, além de uma intelectualidade que se manteve acesa na perspectiva da revolução brasileira. A quase certeza de que qualquer tentativa de golpe seria travado pelo exército legalista, tal como acontecera em 1955 e nos ensaios golpistas de Jacareacanga e Aragarças, em 1956 e 1959, respectivamente, fortalecia essa crença. Se a avaliação segundo a qual o governo de Jango estaria inclinado a transformar as Reformas de Base num trampolim com vistas à implantação de um “regime comunista”, como era apregoado pelos ideólogos de Washington, não carecia de fundamentos. Era pura aleivosia para incrementar o movimento que se opunha ao governo. A mesma coisa se dava com a convicção da legalidade das Forças Armadas decantada pelas mais destacadas figuras políticas que davam suporte ao governo. Ilusões calcadas no desconhecimento ou na pouca importância dada ao quadro internacional movido pela Guerra Fria, que desapareceriam e se tornariam mais marcantes por ocasião da rápida queda do governo inteiramente despreparado. Apesar da existência de uma força-tarefa, que não se fez presente, o “dispositivo militar”, sob o comando do general Assis Brasil, para quem as tropas dos generais Mourão e Guedes vindos de Juiz de Fora em direção ao Quartel-general, no Rio nada mais eram do que exercícios rotineiros, de modo a reforçar ainda mais a ilusão que a todos alimentava, quase nove meses após a Revolução Cubana. Os fatores geradores que impulsionaram o golpe precisam ser mais bem explicitados. As interpretações mais comuns acabam reproduzindo avaliações que, em alguns casos ou situações, não encontram respaldo nos fatos. A necessidade de firmar posições no teatro das lutas doutrinárias e ideológicas acaba por dificultar a perspectiva da análise política. Não existem dúvidas quanto à guinada da política externa dos EUA quando da definição dos rumos da Revolução Cubana em direção à construção de uma sociedade socialista, o que provocou impactante repercussão na política de defesa do país que desde o término da Guerra em 1945 tornara-se uma espécie de bastião do capitalismo no mundo Ocidental. Assim, os estrategistas do Pentágono e do departamento de Estado passaram a tratar a América Latina e, particularmente, o Brasil como peça fundamental no panorama da política norte-americana. Do ponto das forças anti-imperialistas, notadamente das esquerdas representadas pelos comunistas brasileiros, a possibilidade de fazer avançar o processo da revolução brasileira com a adesão de uma suposta burguesia nacional, capaz de juntar-se a esse processo para poder gerir sem tutela os seus negócios, numa parceria de classes com um proletariado débil em termos de consciência revolucionária e ainda muito carente de organização que suplantasse às questões de natureza sindical, tornava essa perspectiva mais ilusória do que real. A ausência de resistência por parte de um governo com base popular revelou a certeza de que o golpe era tão somente uma ameaça visando constranger as metas reformistas, desprovido esse governo de qualquer plano de sustentação em face de alguma ameaça real. E estas eram suficientemente claras durante todo o governo, tanto do período parlamentarista quanto do retorno do sistema presidencialista de Jango. Além da ostensiva e agressiva atividade do IBAD – Instituto Brasileiro de Ação Democrática, a financiar candidatos que se opunham ao governo nas eleições de 1962, começara a operar um organismo que atendia aos interesses dos grupos que agiam com vistas à preparação do golpe. Refiro-me ao SNI – Serviço Nacional de Informações, sob a batuta do general Golbery do Couto e Silva, seu criador e articulador da geopolítica em comunhão com os estrategistas e agentes norte-americanos. A operação golpista se fez presente em todas as áreas, não escapando até mesmo a religião. Foi enviado às vésperas do golpe, em fins do ano de 1963, o padre Payton, que logrou desempenhar um papel aglutinador nas hostes de um catolicismo ortodoxo e eivado de mensagens anticomunistas. Mobilizou-se também a imprensa e o incessante noticiário exibido repetitivamente nas salas de cinema em jornais anteriores à exibição dos filmes. Eram documentários produzidos por outra agência de propaganda anticomunista, o IPES – Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais, irmão carnal do IBAD que divulgava as matérias sensacionalistas de modo a criar um clima de medo. Voltava-se, é claro, para uma classe média já atemorizada com a possibilidade de perder o pouco que dispunha. Assim, todas as evidências foram minimizadas, pois havia de fato uma certeza dos muitos inebriados com o entusiasmo sem tréguas de um governo trabalhista com pé na perspectiva mais avançada das conquistas sociais. Não havia como impedir, portanto, o prosseguimento de um processo que antevia para os mais combativos adeptos da revolução brasileira que parecia descortinar no horizonte próximo. A rede da legalidade organizada e liderada pelo deputado Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul, reforçou a convicção de que os militares tinham dado uma demonstração de compromisso com as instituições políticas, quando o general Machado Lopes à frente do comando no sul do país manifestou apoio à posse de João Goulart, a despeito da evidente divisão na caserna. O próprio general Ladário Teles, então recém-nomeado comandante do terceiro exército, informara a Jango quando aportara em Porto Alegre já com o golpe em marcha, que ele não dispunha de pleno controle de seus subordinados na região. No jogo entre as artimanhas golpistas e os equívocos dos autênticos patriotas, contingente formado por genuínos membros de comunidades que praticavam os princípios mais fundamentais das correntes que se encontravam entrelaçadas, como os trabalhistas, os socialistas e os comunistas, eixo mais consequente do governo Jango, ganharia a parada os eternos defensores das injustiças sociais. E como sempre em defesa de uma democracia de fachada. Passados 59 anos do golpe, que fique essa advertência. Não basta a defesa da legalidade institucional. É preciso criar mecanismos que permitam sua existência e isso só será efetivamente alcançado se tivermos condições de organizar as massas populares. *Doutor em História Social, conferencista honorário do Real Gabinete Português de Leitura, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foto do Comício da Central, realizado em 13 de março de 1964 - Arquivo Nacional As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

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É dose aguentar o Renato

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É dose aguentar o Renato
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De SOLON SALDANHA* No início deste mês comecei a escrever uma crônica para colocar aqui, nesse espaço, atribuindo para a mesma o título de “Entrevistas Irritantes”. Não concluí nem publiquei, do que me arrependo agora. O conteúdo era uma crítica ao treinador da equipe de futebol profissional masculino do Grêmio, Renato Portaluppi. Mais precisamente, defendia a ideia de que são quase insuportáveis as suas manifestações feitas após os jogos que o time disputa. Elas se resumem à repetição interminável das mesmas frases, com variações muito pequenas feitas para adaptar suas respostas ao momento e ao seu interesse. Ele não fala para prestar informações e justificativas ao público torcedor, que no fundo é quem paga todo o custo de manutenção do clube, inclusive o salário daquele que está sendo entrevistado. São apenas estruturas que compõem todo um bem planejado marketing pessoal, servindo para agradar tanto seus patrões quanto seus subordinados, além de manter inebriado parte do imenso público tricolor. Asseguro a vocês que sou gremista como poucos e que nunca neguei e jamais escondi esse fato. Sou jornalista, mas não trabalho atualmente com cobertura esportiva. E, mesmo que trabalhasse, acredito ser uma besteira enorme a pessoa ter que fingir que nunca torceu ou torce por um clube qualquer, para que não perca sua credibilidade. Esta se conquista é com trabalho bem feito, com profissionalismo, respeito a fontes e ao público, com um posicionamento coerente. Ninguém se torna honesto ou desonesto por torcer para o time A ou para o time B. E temos alguns poucos, porém bons exemplos, mesmo aqui na terrinha. Um deles é o comentarista Adroaldo Guerra Filho, o Guerrinha. Mesmo identificado com o Internacional, ele tem o respeito da imensa maioria da torcida do Grêmio, que vê nas suas apreciações uma postura de observador sério, que relata o que realmente está vendo em campo. Apesar de vez por outra ele deixe escapar algumas pérolas, frutos da sua fina ironia. Mas em doses compreensíveis e aceitáveis. As frases feitas de Renato já foram aproveitadas até em algumas ações de marketing elaboradas pelo clube. Coisas como “eu confio no meu grupo”. Mas existem outras tantas, de tal forma que haja camisetas para serem estampadas. “Eu dou oportunidade a todos. Estou lapidando o jogador. Eu passo confiança para eles. É como eu sempre digo.” Vejam que todas têm em comum o falar de si próprio, de um trabalho que é supostamente exemplar, único, inigualável, imprescindível. Não raras vezes fala contra a imprensa, contra parte da torcida e cobra coisas dos dirigentes, publicamente, exercendo função que não é sua, invertendo a hierarquia de forma absurda. Ele jamais se contenta em ser apenas o treinador do time. E dele é simplesmente impossível tirar, em quaisquer entrevistas, uma explanação de ordem tática ou técnica. Existem ainda os mitos, que são involuntariamente alimentados por todos, coisas do tipo “comigo ele joga”. Mentira! Essa história de que recupera jogadores foi a generalização de um que outro caso isolado. A exceção passou a ser contada como se regra fosse. Everton – aquele que veio do São Paulo –, Thiago Neves, Robinho, Tardelli, Maicosuel, André, Henrique Almeida e Rômulo são alguns exemplos gritantes de perda de tempo e de muito, muito dinheiro mesmo. No elenco atual, estão atribuindo a ele contratações de Carballo e de Cristaldo, que talvez ele nem soubesse que existiam antes da chegada. Ambos foram indicados por um departamento informal de desempenho, organizado pela atual direção, antes mesmo de vencerem as eleições e tomarem posse. Do mesmo modo, a ousadia de trazer Luis Suárez foi do presidente Guerra e sua equipe. Renato, a bem da verdade, indicou outros dois que estão dando certo, Vina e especialmente Pepê. Mas o mesmo Renato tem uma paixão cega por Thiago Santos, Lucas Silva e Diogo Barbosa, que já ultrapassou o limite do razoável. A torcida não os suporta, a imprensa de forma unânime entende que não servem para a ideia de time vencedor que se deseja – não que não possam e devam seguir carreira em outros locais. E ele insiste em colocar todos os três em campo, quaisquer que sejam as oportunidades surgidas. Se elas não aparecem, ele as cria. Exemplos foram o último Grenal e o difícil enfrentamento contra o Ypiranga, no sábado passado. Para Renato não vale a máxima “a voz do povo é a voz de Deus”, pelo simples fato de que ele, na sua concepção, é o próprio Deus. E prefere o ditado ao contrário. Assim, jovens promissores como Kauan Kelvin, Cuiabano e Ronald, no máximo ganham lugar no banco, vez em quando. Quando o também contestado Thaciano realizava a melhor partida dele com a camisa do Grêmio, Renato o trocou por Gustavinho, que nada acrescentou. Antes disso, ainda no intervalo, entrou Thiago Santos no lugar de Galdino: um protetor de zaga, quando o time precisava atacar e vencer o jogo, que estava mais do que encardido. O que ele conseguiu foi oportunizar um gol para o Ypiranga, como já fizera no Grenal. Foi o que faltava para as vaias aparecerem: os visitantes somavam 3×1 no placar agregado e a classificação para a final escapava entre os dedos, do time com melhor campanha na competição. Foi preciso que ele saísse, após pouco mais de 20 minutos em campo, para Cristaldo vir ajudar na busca do empate e da conquista da chance de decidir nos pênaltis. A arrogância de Renato está demais. Foge até mesmo dos parâmetros altos que ele sempre apresentou. Ele segue achando que o time não joga nada sem ele. Que o clube não conquista nada sem ele. Que a estátua que ganhou na Arena ainda é insuficiente. É incapaz de se dar conta de que, por maior que seja o seu ego, ele (Renato) jamais terá o tamanho do Grêmio instituição. Assim, enquanto não tiver alguém que o coloque no devido lugar – Guerra havia prometido fazer isso, mas ao que parece não está conseguindo –, ele seguirá com esses delírios. Agora, não se pode deixar de reconhecer a sua imensa importância como ídolo maior da história do clube, a grande contribuição que deu ao longo da história, como jogador e como treinador. Para concluir, como citei o Guerrinha no início desta crônica, vou aproveitar também uma das suas lapidares observações: “Tem certas coisas que os treinadores não fazem nunca, porque há grande chance de que dê certo. Daí, como é que eles ficam?” Renato jamais se curvará ao que observam e pedem a torcida e a imprensa. Mesmo que estejam cobertas de razão. P.S.: Como é grande a chance que ele conquiste mais um título, nos jogos finais contra o Caxias, se tornará por mais um tempo imune a críticas de quem vê no futebol algo além do que resultados. O bônus musical do autor é o clipe oficial da música Ego, com Willy William. Ele é cantor, DJ e produtor musical francês, famoso por fazer remixes. Também tem histórico de participações vocais em trabalhos de vários artistas da dance music. https://www.youtube.com/watch?v=iOxzG3jjFkY *Jornalista e blogueiro. Apresentador do programa Espaço Plural – Debates e Entrevistas, da RED. Texto publicado originalmente no Blog Virtualidades. Imagem: reprodução. As opiniões emitidas nos artigos expressam o pensamento de seus autores e não necessariamente a posição editorial da Rede Estação Democracia.

Vazio

Visão da ditadura sobre Amazônia operou “totalmente” na gestão Bolsonaro, diz pesquisadora

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Visão da ditadura sobre Amazônia operou “totalmente” na gestão Bolsonaro, diz pesquisadora
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Para professora Adriana Marques, políticas do ex-governo inspiradas nos militares deixaram floresta “mais desprotegida” De Agência Pública O ideário que orientou as políticas para a Amazônia na ditadura militar, cujo golpe fundador está prestes a completar 59 anos, foi replicado por Jair Bolsonaro em seu governo, que deixou aflorar antigas teorias conspiratórias e fez com que a floresta ficasse mais desprotegida. Essa é a avaliação de Adriana Aparecida Marques, professora do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora de questões relacionadas às Forças Armadas há mais de duas décadas. Marques alerta que, apesar da troca na presidência da República, se a Política Nacional de Defesa não for rediscutida, essa percepção militar em relação à floresta não mudará. “Nenhuma organização se autorreforma, ainda mais uma organização como a militar brasileira, que teve tanta autonomia e poder durante toda a nossa história republicana”, argumenta. A professora explica também que a militarização dos órgãos de proteção ao meio ambiente e povos indígenas como Ibama, ICMBio e Funai e a realização de Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) contra o crime ambiental na Amazônia ocorridas sob Bolsonaro não são “uma coincidência” e refletem a ideia consolidada durante a ditadura de que “a ocupação militar é sinônimo de proteção e defesa” do bioma. “Já existia essa percepção [dos militares], mas ela não encontrava eco nos outros ministérios. A partir do momento em que isso passou a acontecer, a tragédia ocorreu”, afirma, citando o que aconteceu quando o Ministério do Meio Ambiente estava sob comando de Ricardo Salles (PL-SP), hoje deputado federal. Marques – que estudou o pensamento militar sobre a Amazônia em sua tese de doutorado – diz ainda que, ao considerarem os povos indígenas e ONGs como ameaças à soberania nacional, além de cultivarem uma crença de que há uma cobiça de outros países sobre a floresta, os militares deixam de encarar os verdadeiros problemas. “O que os militares consideram como ameaças são meras suposições”, diz. “Agora, a tragédia Yanomami, os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips [indigenista e jornalista britânico mortos em junho de 2022 no Vale do Javari, no Amazonas], a devastação ambiental, temos evidências empíricas sobre isso [de que há ameaças reais na região], e é com base nisso que as pessoas discutem”, aponta. A especialista indica o enfraquecimento da diplomacia ambiental do Brasil e das relações com os demais países amazônicos como resultado das políticas inspiradas nos militares que deixaram a Amazônia em situação mais vulnerável nos últimos anos. “Havia uma cooperação que vinha se intensificando entre o Brasil e outros países amazônicos principalmente nessa área de defesa clássica, mas também em relação a crimes transnacionais, e isso tudo foi deixado de lado”, destaca. “A diplomacia não atuou, o Ministério do Meio Ambiente não atuou. Foi um caldeirão de questões que levaram à tragédia que a gente viu.” Confira a seguir os principais trechos da entrevista. A ditadura militar foi marcada pela entrega de terras da Amazônia à ocupação por fazendeiros e empresas e a construção, por exemplo, de grandes obras e estradas, como a Transamazônica. Qual a relação dessas medidas com o pensamento militar da época sobre a floresta? Os grandes projetos para a Amazônia da época da ditadura militar, na verdade, expressam uma visão em relação à Amazônia que é a anterior à ditadura, mas que foi implementada com mais energia durante esse período. A ideia da Amazônia como um espaço vazio que precisa ser ocupado e desenvolvido existe desde o começo do século XX e é forte no imaginário das elites políticas brasileiras. Isso ganha mais impulso principalmente a partir do governo Getúlio Vargas, porque essa visão de integração nacional foi incorporada pelo pensamento geopolítico brasileiro, que nas primeiras décadas do século XX até a década de 1980 foi produzido basicamente por militares do Exército. Então se consolidou nas Forças Armadas uma visão sobre a Amazônia que coincidia com a visão das elites, às vezes das próprias elites amazônicas. Tem figuras como o Arthur César Ferreira Reis, um político amazônida que escreveu o livro “A Amazônia e a Cobiça Internacional”, lançado em 1960, que teve cinco edições. Seria anacrônica se dissesse que o livro apresenta fake news, porque esse é um um termo que usamos agora, mas é um apanhado de teorias da conspiração. A cada nova edição, o autor ia colocando um novo capítulo sobre [supostas] tentativas de estrangeiros de se apossar da Amazônia, e com base nesses argumentos, ele defendia o desenvolvimento econômico da região, o que envolve a adequação dos povos indígenas que vivem ali à civilização ocidental. Então isso não é uma particularidade da ditadura, tanto que o Arthur César Ferreira Reis foi governador do Amazonas na década de 1960. Mas é claro que a ditadura reforça isso, e mesmo depois dela [essa visão persiste]. Por exemplo, o projeto Calha Norte [criado em 1985 na região amazônica para manter a soberania nacional e mantido até hoje pelo Ministério da Defesa] guarda semelhança com esses grandes projetos, na verdade ele é o último dos grandes projetos para a ocupação da Amazônia, mas que começa a ser implementado já no processo de redemocratização. De fato, tem uma perenidade muito grande na visão, em particular do Exército, em relação à Amazônia, a gente viu o quanto isso influenciou o último governo. A política do governo Bolsonaro para a Amazônia tentava desmontar as políticas públicas construídas durante a Nova República. Depois da ditadura, no governo Sarney, até por conta da repercussão internacional [das altas taxas de desmatamento nos anos 1980], o Brasil começa a adotar algumas políticas ambientais visando à proteção da floresta, e isso se intensificou a partir do governo Fernando Henrique Cardoso e principalmente dos governos do PT. Houve um retrocesso muito grande já perceptível durante o governo Temer que se intensifica no governo Bolsonaro com as consequências que todos sabemos. Como podemos sentir os efeitos dessas políticas até hoje? O slogan de “integrar para não entregar” está na base da ideia de que existe uma cobiça internacional em relação à região pelos países desenvolvidos. Os Estados Unidos às vezes entram nessa equação, às vezes saem. Eram o vilão, por exemplo, no começo dos anos 2000, mas não no governo Bolsonaro, quando os grandes vilões foram a França e os países europeus junto à China. Os vilões vão mudando, mas a ideia subjacente é de que tem que haver o desenvolvimento econômico e a integração da região via grandes estradas para garantir seu pertencimento ao restante do país. Também há uma visão muito desconfiada em relação aos povos indígenas de que, por tentarem preservar sua cultura, não seriam patriotas e não teriam compromisso com o país, como se isso estivesse vinculado ao fato de usar calça jeans, camiseta, cantar o hino nacional. É uma visão muito estigmatizada do que é ter amor e pertencimento ao país. Dizer que a Amazônia é despovoada é uma maneira de invisibilizar – e isso é um apagamento proposital – a ocupação da região por povos indígenas há milhares de anos. A Amazônia nunca foi um espaço vazio, sempre esteve ocupada pelos povos indígenas, mas eles têm uma outra relação com a floresta, viveram durante milhares de anos na Amazônia em harmonia com a natureza, não precisaram destruí-la para viver ali. Os povos indígenas são vistos pelos militares como um entrave, um obstáculo [ao que entendem como] proteção da Amazônia. Entre os militares, sustenta-se a ideia de que os Yanomami seriam uma ameaça à soberania nacional por se identificarem como uma “nação”. Poderia explicar isso melhor, por favor? Esse é o argumento contra a demarcação de terras indígenas. É um debate desde o começo da década de 1990 – a demarcação da Terra indígena Yanomami aconteceu em 1992. Dizia-se [nos meios militares] que iria se criar um enclave. E o mesmo argumento foi usado na questão da Terra Indígena Raposa Serra do Sol [homologada em 2005]. São dois casos muito emblemáticos, os argumentos não mudaram. Por exemplo, o general Heleno [ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, no governo Bolsonaro] é uma figura emblemática, era comandante militar da Amazônia na época da retirada dos ocupantes não indígenas da Raposa Serra do Sol [em 2007]. Ele teve um embate forte com o governo, falou publicamente contra a demarcação contínua. Eles até aceitavam que se demarcassem algumas ilhas, mas não que houvesse demarcação de forma contígua por conta do mesmo argumento de que iria se criar um enclave étnico ali em Roraima. Quais as características do pensamento militar sobre a Amazônia hoje? Houve alguma mudança em relação às décadas anteriores? Há a visão de que as organizações não governamentais na verdade estão a serviço das grandes potências. Que as ONGs de proteção ambiental, ao defenderem a demarcação de terras indígenas, têm a intenção de preservar o território para que, no futuro, outros países explorem as riquezas que ao Brasil não foi permitido explorar. Isso tudo é muito presente. Assim como o argumento de que “a Europa acabou com as suas florestas e quer que nós preservemos”. Como se o fato de ter que proteger a floresta fosse um limitador do potencial que o país teria para se desenvolver. Um exemplo recente que mostra de maneira muito cristalina o pensamento dos militares em relação à Amazônia é o documento “Projeto de Nação – o Brasil em 2035”, publicado pelos institutos General Villas Bôas e Sagres em fevereiro de 2022. O trecho dedicado à Amazônia inclusive está na parte sobre defesa nacional, e todas essas ideias cristalizadas estão presentes ali. É interessante porque ele foi produzido agora, durante o governo Bolsonaro – mandaram um questionário para todas as unidades militares e elas responderam. É um documento muito revelador do que pensam os militares dessa geração em relação à Amazônia. Como o pensamento militar sobre a Amazônia se traduziu em ações durante o governo Bolsonaro? A influência é total, tanto que os próprios órgãos de proteção ambiental e aos povos indígenas, como a Funai e o ICMBio, foram militarizados. Isso não é trivial, não é uma coincidência, é um projeto. A Amazônia é vista como um lugar para ser ocupado militarmente, e que isso é sinônimo de proteção e defesa da região. E militarizar não é só ter um número grande de unidades militares, o que é compreensível do ponto de vista de defesa da soberania, mas é colocar os militares como atores centrais da gestão da Amazônia. A Amazônia Legal é praticamente metade do território brasileiro, e os militares têm um poder enorme na região. A gente começa a ver isso na ditadura militar,  mas mesmo naquela época isso não era tão evidente, porque o movimento de criação de unidades militares na Amazônia se intensifica a partir do processo de redemocratização, principalmente na década de 1990. Os militares desempenham, em sua visão, um papel de civilizadores, de conquistadores da Amazônia, são os novos bandeirantes. Acham que a estão desbravando e que são eles que a protegem. O projeto Calha Norte, por exemplo, que começou na calha norte do rio Amazonas e agora vai até o Mato Grosso do Sul, teve um impulso enorme no governo Bolsonaro. É um projeto de desenvolvimento regional, mas está alocado no Ministério da Defesa justamente por essa percepção de que desenvolvimento e segurança são binômios, inseparáveis. Além do “integrar para não entregar”, o outro lema da época da ditadura, “segurança e desenvolvimento”, não foi abandonado. É um lema central nos documentos de defesa escritos desde a década de 1990. Desde então, temos um deslocamento de unidades militares para a Amazônia, e no governo Bolsonaro vemos o movimento de militarização de órgãos que não eram militares. A militarização da área ambiental sob Bolsonaro se deu também por meio do Conselho Nacional da Amazônia Legal – que de 2020 até o fim do governo foi liderado pelo general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República e agora senador – e das operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLOs) na Amazônia – Verde Brasil 1 e 2 e Sumaúma. Como você avalia essas medidas? Os resultados do trabalho do Conselho equivalem aos resultados do trabalho da Casa Civil coordenando o enfrentamento à pandemia. A gente viu que não não teve resultado. O Brasil, a partir da década de 2010, usou as operações de Garantia da Lei e da Ordem rotineiramente para os grandes eventos e questões de segurança pública. Mas não tinham sido usadas até então para combater crimes ambientais. As GLOs ambientais são uma novidade que não deu certo, é só ver os índices [de desmatamento na Amazônia, que cresceram de 2019, quando a primeira GLO ambiental foi instituída, até 2021, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais]. Na verdade, essas operações foram a solução rápida encontrada pelo fato de os órgãos de fiscalização ambiental terem sido desmontados. A resposta do governo Temer já era essa: quando aparecia algum problema, chamavam-se as Forças Armadas. O presidente Bolsonaro seguiu a mesma lógica. Ele militarizou o Ministério da Saúde e a questão ambiental. Militarizar era um projeto. Que os militares pensavam dessa maneira em relação à Amazônia, a gente já sabia, mas nunca havíamos tido um ministro do Meio Ambiente que trabalhava contra o meio ambiente. Já existia essa percepção [dos militares], mas ela não encontrava eco nos outros ministérios. A partir do momento em que isso passou a acontecer, a tragédia ocorreu. E aí depois novamente vêm os militares para tentar minimizar ou conter os danos de uma política ambiental que eles endossavam. As políticas [ambientais] implementadas durante o último governo eram consonantes com a visão que os militares tinham de como gerir a Amazônia. Isso podemos falar com bastante tranquilidade. Nos registros das reuniões do Conselho Nacional da Amazônia Legal a que tivemos acesso via Lei de Acesso à Informação (leia mais), Mourão diz que “neste século 21, a questão da sustentabilidade é um dos fatores que influenciam a soberania”. De que maneira esse pensamento militar, que enxerga sustentabilidade e ONGs como ameaças à soberania nacional, contribuiu para que as verdadeiras ameaças à Amazônia não fossem combatidas nos últimos anos? A Amazônia não é só brasileira, embora a maior porção da floresta esteja no Brasil. Compartilhamos o bioma com outros países sul-americanos. Qualquer questão ali só pode ser resolvida de forma cooperativa, tanto no nível doméstico como internacional. E isso se rompeu no último governo. O Brasil construiu uma reputação na agenda ambiental nos fóruns internacionais que garantia prestígio e voz ao país nos temas ambientais. O que foi  construído por todos os governos da Nova República até o governo Temer foi destruído, caiu como um castelo de cartas. O primeiro discurso que o presidente Bolsonaro fez na [Assembleia Geral da] ONU, em 2019, já foi um indicativo de que o Brasil estava abandonando tudo que havia construído durante décadas. Recuperou-se a ideia de querer se retirar dos fóruns ambientais e retomar o discurso de que os países desenvolvidos querem limitar o nosso desenvolvimento ao mesmo tempo em que se criou tensão com os países vizinhos. Países, estes, que poderiam ser nossos parceiros nas fronteiras amazônicas, compartilhar informação e ajudar tanto na proteção da floresta e dos povos indígenas, como no combate aos ilícitos transnacionais e às redes criminosas que existem ali. Quando o governo Temer resolveu se retirar da Unasul [União de Nações Sul-Americanas, organização formada por doze países da região, uma das consequências foi essa. Havia uma cooperação que vinha se intensificando entre o Brasil e outros países amazônicos principalmente na área de defesa clássica, mas também em relação a crimes transnacionais, e isso tudo foi deixado de lado. O governo Bolsonaro ainda adotou uma postura hostil com a Venezuela. A diplomacia não atuou, o Ministério do Meio Ambiente não atuou. Foi um caldeirão de questões que levaram à tragédia que a gente viu. As ameaças que os militares consideram são suposições. Agora, a tragédia Yanomami, os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips [indigenista e jornalista britânico mortos em junho de 2022 no Vale do Javari, no Amazonas], a devastação ambiental, temos evidências empíricas sobre isso [de que há ameaças reais na região], e é com base nisso que as pessoas discutem, não vão discutir com base e em fake news e em teorias da conspiração. Tem outro fator que é uma novidade do último governo em relação aos anteriores: até o início do governo Bolsonaro, algumas missões religiosas [internacionais] eram vistas com desconfiança, inclusive pelas próprias Forças Armadas, como Meva [Missão Evangélica da Amazônia], Novas Tribos [do Brasil]. Esses grupos evangélicos não tinham permissão, por exemplo, para ter contato com povos isolados, essa dinâmica de evangelização dos povos indígenas estava em desuso, e essa barreira foi quebrada pelo governo Bolsonaro. Grupos que não tinham possibilidade de atuar na região encontraram ali as portas abertas. Isso era uma ameaça maior à Amazônia, para não falar das mineradoras e madeireiras. Se hoje a Amazônia está mais desprotegida, é por conta das ações e omissões do último governo. O governo Lula, em teoria, quer combater a militarização da administração pública que ocorreu sob Bolsonaro. Se isso se concretizar, qual será o lugar do pensamento militar em relação à Amazônia daqui para frente? Se a Política Nacional de Defesa não for rediscutida, essas percepções não vão mudar, porque nenhuma organização se autorreforma, ainda mais uma organização como a militar brasileira, que teve tanta autonomia e poder durante toda a nossa história republicana. Me preocupa um pouco que, na fala das autoridades, não vemos a discussão sobre quais devem ser as tarefas desempenhadas pelos militares nos próximos anos – não sobre quais devem ser as missões, estas estão claramente colocadas na Constituição. No caso do Brasil, a oportunidade seria a revisão dos documentos de defesa. É nesses documentos que iriam se estabelecer as principais vulnerabilidades e ações a serem tomadas. Os militares poderiam ter ajudado muito mais no enfrentamento da crise Yanomami, mas [vem] essa ideia novamente de que a atuação militar na região é a panaceia. Acho que a gente tem que superar essa maneira de ver o papel dos militares, os outros órgãos têm que fazer o seu papel, e se cada um o fizer, os militares vão finalmente poder fazer o papel deles, que é justamente pensar a defesa nacional. Como essa discussão deveria ser feita? Tenho defendido a criação de uma conferência nacional de defesa nos moldes das conferências nacionais de saúde que acontecem desde a década de 1990. Para discutir as políticas públicas que depois o governo federal pode ou não implementar. Fala-se muito que a discussão sobre os currículos militares não pode ficar restrita aos militares, que eles não podem ter autonomia para discutir isso. Na verdade, eles não podem ter autonomia para definir a política de defesa. Aí, acho que a questão da Amazônia e dos povos indígenas tem um papel central, porque se a gente tivesse uma discussão franca que envolvesse, por exemplo, ambientalistas e lideranças indígenas, muitas dessas desconfianças e visão conspiratória que existem dentro da caserna seriam desfeitas. Dá para fazer, mas precisa ter vontade política. Mas não sei se existe vontade política. Não vejo muita nesse Ministério da Defesa. Nos últimos anos, vimos militares bolsonaristas – com destaque para o general da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército – aderindo ao negacionismo climático. Isso predomina nos meios militares? Por que o negacionismo climático tem se disseminado nesses ambientes? Não tenho como dizer a extensão desse pensamento [entre os militares]. Na verdade, o negacionismo climático está associado a outros negacionismos, como o eleitoral e aquele relacionado à pandemia. É uma visão desconfiada e negativa em relação à ciência. Isso é uma novidade nos meios militares brasileiros, porque eles sempre estiveram muito vinculados a essa ideia do positivismo, a uma visão cientificista do mundo. No caso do general Villas Bôas e do general Heleno, vemos claramente que eles aderiram a essa agenda negacionista, mas isso está relacionado aos laços com a extrema direita global. Esse não é um fenômeno só do Brasil. A extrema direita teve uma inserção nos meios militares nos próprios Estados Unidos. Como é um fenômeno recente – não é que historicamente as Forças Armadas brasileiras foram negacionistas –, acho que isso pode ser revertido. Mas, novamente, não vai ser revertido sozinho, tem que ter ação e vontade política, políticas públicas voltadas para essa reversão. Isso de fato é uma questão muito grave. Tem parte dos militares brasileiros que não se vacinou. Quando aquele profissional que pagamos para pegar em armas e lutar para defender o país não está cuidando da sua própria saúde, a saúde dele não é uma questão individual. De que forma o conceito de globalismo se incorporou ao pensamento militar sobre a Amazônia nos últimos anos? O pensamento globalista se moldou muito bem à visão que já existia entre militares em relação à região amazônica. Essa ideia de que existe um grande pacto globalista que quer suprimir a soberania nacional, eles já pensavam isso. É fato que essa teoria tem se disseminado [nos meios militares] e isso tem que ser revertido com política pública. Todos os países democráticos olham com muito cuidado a questão da ascensão da extrema direita, esse é um inimigo a ser combatido. Por Anna Beatriz Anjos Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

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A morte de Edson Luiz e a resistência à ditadura militar

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A morte de Edson Luiz e a resistência à ditadura militar
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O programa TUTAMÉIA TV entrevistou nesta terça-feira, 28, Geraldo Jorge Sardinha, autor de "Calabouço - Rebelião dos Estudantes Contra a Ditadura Civil-Militar em 1968" e integrante da Liga Latino-americana de Irredentos. A morte de Edson Luiz e a resistência a ditadura militar foi o tema do programa. “Estávamos em assembleia quando aparece a Polícia Militar para fechar o Calabouço. Tentam invadir. Nós resistimos com cadeiras, bandejas. Eles recuam, mas em seguida têm ordem de vir para fechar. Entram jogando bomba de gás e atirando. Um tiro pegou o coração do Edson. Quando eles veem um estudante tinha caído, recuam. Mas recebem contraordem para resgatar o corpo. Aí eles não conseguem. Eu carrego o corpo do Edson e saímos em passeata até a Assembleia Legislativa. Passamos em frente ao Consulado Americano e jogamos pedras. Quando chegamos à Cinelândia, já estava lotado. Daí ocupamos a Assembleia”. Relato do militante Geraldo Jorge Sardinha ao TUTAMÉIA ao relembrar o assassinato do estudante Edson Luiz Lima Souto em 28 de março de 1968, no Rio de Janeiro. Exatos 55 anos depois, ele dá detalhes sobre a mobilização estudantil contra a ditadura militar, fala das ações violentas da repressão e dos desdobramentos do movimento. Acompanhe a entrevista completa, em que Sardinha também fala de outros momentos da resistência à ditadura, da prisão e das torturas, de sua participação nos Tupamaros e da luta pela democracia hoje. [embed]https://www.youtube.com/watch?v=Gsf2kg3r8wY&t=4717s&ab_channel=TUTAM%C3%89IATV[/embed] Foto: Acervo da Biblioteca Nacional Para receber os boletins e notícias direto no seu Whatsapp, adicione o número da Rede Estação Democracia por este link aqui e mande um alô.

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